O Estado de São Paulo, n. 45052, 21/02/2017. Política, p. A7

Schahin vai usar tornozeleira e pagar R$ 7 mi

 
Ricardo Brandt
Fabio Serapião
Beatriz Bulla

 

O empresário Milton Taufic Schahin, sócio do Grupo Schahin, fechou acordo de delação premiada com a Lava Jato.

Em troca de benefícios da Justiça, que o condenou a nove anos e dez meses de prisão pelos crimes de corrupção e gestão fraudulenta do banco Schahin, o empresário se dispôs a falar sobre o empréstimo de R$ 12 milhões ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em outubro de 2004, e sobre outros crimes financeiros.

Em troca, o Ministério Público Federal (MPF) vai propor a suspensão de procedimentos criminais, de inquéritos policiais e de ações penais “em curso ou ainda a serem instaurados em desfavor do colaborador”.

Milton Schahin foi condenado junto com seu irmão Salim e com Bumlai por causa do episódio do empréstimo. O dinheiro teria sido destinado para o PT, de acordo com Bumlai, que confessou a existência da operação.

A contrapartida para o Grupo Schahin, segundo a Lava Jato, foi um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobrás para operar o navio-sonda Vitória 10.000. Lula, que não é réu nesta ação, teria dado a “bênção” ao negócio – o que é negado pela defesa do petista.

Pelos termos do acordo, Milton Schahin, de 73 anos, vai usar tornozeleira eletrônica e pagar multa de R$ 7 milhões, com seis meses de carência para iniciar a quitação da dívida, que deverá ser saldada em até 24 parcelas.

Ele se sujeita a uma condenação de 20 anos de prisão que, na prática, como resultado do acordo, ficará limitada a três meses em prisão domiciliar, com uso da tornozeleira.

Após esse período, ficará nove meses em regime semiaberto, ainda com o monitoramento, podendo sair de casa entre 7 horas e 21 horas, “devendo se recolher em domicílio nos fins de semana e feriados”. Além disso, o empresário terá de prestar serviços à comunidade por 20 horas mensais.

 

Defesa. O criminalista Guilherme San Juan, que defende Schahin, disse que “é positivo” o acordo firmado com 15 procuradores da força-tarefa da Lava Jato.

“O acordo é muito positivo para o caso de Milton Schahin, que já tinha processos em fase adiantada. Mas, por razões de sigilo, não se pode avançar além disso.”