Título: Retomada imediata
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 28/12/2011, Economia, p. 8

A estagnação da economia brasileira no terceiro trimestre é passageira. Apesar de o Produto Interno Bruto (PIB) não ter se mexido, a trajetória de crescimento deve ser retomada já no primeiro trimestre de 2012. Pelo menos é isso que acredita a Serasa Experian, que ontem divulgou o indicador de perspectiva econômica. O número sinalizou expansão de 0,2% em outubro com relação a setembro. Foi a terceira alta consecutiva. "O que aconteceu com o indicador hoje provavelmente é o que vai acontecer com a economia em seis meses", explicou o gerente de Indicadores de Mercado da empresa de gestão de risco de crédito, Luiz Rabi.

Ele observou que o ciclo de crescimento do indicador começou em agosto, o que projeta uma retomada da economia em algum momento do primeiro trimestre do ano que vem. Pela metodologia, o indicador tem a propriedade de antever os movimentos cíclicos da atividade com seis meses de antecedência. De acordo com a Serasa Experian, o novo ciclo positivo será impulsionado pelas reduções da taxa básica de juros, pela adoção de isenções fiscais para estimular o consumo e pelo aumento de 14,3% no salário mínimo, que entrará em vigor em 1º de janeiro.

Gradual "Todas essas medidas ajudarão no processo de recuperação do dinamismo da atividade econômica, ainda que de maneira gradual", salientaram os economistas da empresa. O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal concorda. Para ele, o PIB ainda crescerá um pouco no último trimestre deste ano para, depois, aumentar a velocidade no ano que vem.

O ABC Brasil projeta para 2012 uma expansão de até 3,8%, embora reconheça que o crescimento isolado nos dois últimos trimestres será bem maior do que isso. "O resultado não será de 4%, como deseja o governo. Para isso, teríamos que contar com pelo menos 1,5% por trimestre e esse desempenho só começará a ocorrer no segundo semestre", ressaltou Leal.

Como o crescimento da economia será vigoroso, ele admite que conta com um novo ciclo de aperto monetário já a partir do início de 2013. "O Banco Central vai ter que voltar a elevar os juros para combater o impacto inflacionário."