Título: Estímulo de R$ 47 bi
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 28/12/2011, Economia, p. 8

A correção do salário mínimo, de R$ 545 para R$ 622 a partir de janeiro, injetará R$ 47 bilhões na economia. O cálculo é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que estimou em R$ 19,8 bilhões o impacto anual nas contas da Previdência Social. Descontada a inflação, o reajuste de R$ 77 representa um aumento de 9,2% na renda de 48 milhões de trabalhadores, o maior ganho real desde 2006. Apesar disso, os pesquisadores ressaltaram que o piso continua muito abaixo dos R$ 2,3 mil considerados necessários para atender as necessidades básicas de uma família.

Na avaliação de Felipe Salto, economista da consultoria Tendências, o expressivo reajuste no piso salarial é motivo de preocupação com os rumos da economia a médio prazo. O motivo, argumentou o economista, é que o aumento do poder de compra resultará em pressão sobre a demanda e sobre a inflação. "Quando o país recuperar um ritmo de crescimento mais forte, a partir de 2013, isso poderá levar o governo a retomar o aumento dos juros", alertou. Para evitar que isso ocorra, Salto defende a necessidade de medidas estruturais para o controle fiscal e maior eficiência dos investimentos.

O coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre, afirmou que o aumento da renda dos trabalhadores trará efeitos positivos para a economia, especialmente nos setores que lidam com produtos de baixo valor unitário. Os dados do Dieese mostraram que, com o ganho real nos rendimentos, o governo arrecadará R$ 22,9 bilhões a mais em impostos sobre produtos e serviços consumidos.

Regiões "O reajuste é sustentável, porque o método usado leva em conta o crescimento da produtividade", rebateu Silvestre. Para calcular a correção, o governo considera o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas nacionais) de dois anos anteriores mais a inflação do último ano. O Dieese mostrou ainda que o impacto do novo salário mínimo será sentido especialmente nas administrações municipais da Região Nordeste, onde 22% dos trabalhadores ganham o piso. Em segundo lugar, vêm as prefeituras do Norte, onde 17,9% dos funcionários recebem menos de R$ 622.