Cabral admite uso particular de helicóptero

Mariana Sallono

22/02/2017

 

 

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) afirmou em depoimento por videoconferência em audiência na 8.ª Vara de Fazenda Pública que “pode” ter usado helicópteros oficiais para fins particulares durante sua gestão, mas justificou que o uso desse meio de transporte ocorria por questões de segurança.

Em outra frente, o juiz federal Marcelo da Costa Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, aceitou denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-governador.

Agora, o peemedebista é réu em cinco ações penais – quatro dos desdobramentos da Lava Jato no Rio e uma em tramitação em Curitiba.

O ex-governador viajava frequentemente para sua casa de veraneio em Mangaratiba. “No fim de semana posso ter me deslocado para compromissos particulares”, afirmou Cabral em resposta à juíza Luciana Losada Albuquerque Lopes. O peemedebista responde por uma ação popular que apura se houve excessos no uso de helicópteros durante o seu mandato.

Cabral disse que convidados foram transportados no helicóptero oficial. “Pode ter havido casos excepcionais, mas não era rotina. Às vezes iam autoridades que iam despachar ou passar o fim de semana comigo.” Segundo o ex-governador, havia recomendação para o uso da aeronave por causa da segurança.

“Chegavam denúncias e ameaças a mim e à minha família”, afirmou. Ele também confirmou que já usou mais de um helicóptero oficial para o seu deslocamento e de seus familiares.

“Tinha vezes que ficava até muito tarde no Palácio, eventualmente meus filhos e mulher iam antes e eu depois.” Cabral tinha três helicópteros à sua disposição, de acordo com o piloto André Benvenuti de Moura Alcântara, que prestou serviço ao ex-governador.

Crimes. Na nova denúncia, Cabral e seu grupo são acusados de 148 crimes de lavagem entre 2007 e 2015, que somam R$ 10,17 milhões. Além do peemedebista, foram denunciados o ex-assessor da Casa Civil do governo do Rio Ary Filho, e Carlos Miranda, apontado como um dos operadores financeiros do esquema.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45053, 22/02/2017. Política, p. A9.