O globo, n. 30516, 23/02/2017. País, p. 9

No DF, falta de água poupa governo

SECA - ‘Segurança nacional’ foi o motivo apontado para exceção

 

A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) fará racionamento de água nos bairros centrais da capital federal a partir da próxima segunda-feira, dia 27. Entre as áreas afetadas estão os bairros do Plano Piloto, com um total de 557 mil pessoas abastecidas pelo reservatório de Santa Maria. Mas a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes — onde estão o Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal — serão poupados, segundo informou a Caesb.

Em um primeiro momento, os órgãos do governo localizados na Esplanada não passarão pelo rodízio por questões de “segurança nacional”. A Caesb argumentou que a decisão (de incluir o plano piloto no rodízio) não pode interferir em competências federais.

Entre as entidades que não serão afetadas estão os palácios da Alvorada e Jaburu, residências oficiais do presidente e do vice, respectivamente, o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional, ministérios, tribunais e demais palácios. Contudo, os órgãos do poder público que não estão localizados na Esplanada, como a Câmara Legislativa, o Tribunal de Contas da União e Procuradoria-Geral da República, terão que se adaptar ao corte de água.

Apesar de “livres” do racionamento, os órgãos vêm adotando medidas para reduzir o consumo. A assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados informou que, no ano passado, houve queda de 15% em relação a 2015. A Secretaria de Administração da Presidência da República também informou estar trabalhando com a conscientização dos funcionários, assim como o aprimoramento de ações para reduzir o consumo.

Apesar do aumento do nível nos reservatórios com as chuvas de fevereiro, a saída de água para o consumo continua extremamente alta e a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) tenta se precaver para o período da seca, entre abril e setembro.

— A meta é ter água para enfrentar a seca, a hora é de poupar. Os esforços da população estão dando resultados, mas, dependendo da quantidade das chuvas, pode haver a adoção de medidas ainda mais restritivas — explicou o diretor-presidente da Adasa, Paulo Salles.

Entre as novas restrições que podem ser aplicadas estão a redução da outorga de concessão de água da Caesb, ou seja, a companhia terá menos água para distribuir e o aumento dos dias de corte de fornecimento, de um para dois.