Um mês após a posse, Crivella ainda não completou sua equipe

Luiz Ernesto Magalhães

01/02/2017

 

 

Salários de assessores que trabalham sem nomeação vão atrasar
 
O prefeito Marcelo Crivella terminou seu primeiro mês na administração do município do Rio em meio a um cenário de indefinições: o tamanho de sua equipe ainda está em aberto e não se sabe se a promessa de reduzir à metade os gastos com cargos comissionados e gratificações será cumprida. Nomeações têm saído a conta-gotas no Diário Oficial, e há colaboradores que, convidados a entrar no governo, estão exercendo funções de maneira informal.
 

Há ainda servidores que não foram comunicados se permanecerão em cargos de confiança ou se continuarão recebendo gratificações por bom desempenho. A confusão pode aumentar amanhã, com a quitação da folha de janeiro, fechada no último dia 20. Fontes da administração municipal informaram que parte dos funcionários da prefeitura não receberão agora: serão pagos em folha suplementar até o próximo dia 15.

 

ÓRGÃOS ESTÃO SEM CHEFIA

Ao tomar posse, Crivella reduziu de 26 para 12 o número de secretarias e decidiu fazer alterações na estrutura de empresas e fundações municipais. Um mês depois, o redesenho da máquina — que, para especialistas em administração pública, deveria ter sido definido no período de transição de governo — não foi concluído. Alguns órgãos, como a Rio Urbe, sequer têm chefes nomeados. A direção do Previ-Rio está a cargo de um interino.

— Os prefeitos que assumiram em meio a um cenário de crise têm adotado um tom de cautela, evitando promessas de novos investimentos. No caso do Rio, um novo grupo político assumiu o poder depois de anos de gestão do PMDB. Essa demora para nomeações mostra que o PRB não tinha quadros — disse o cientista político Ricardo Ismael, diretor do departamento de Ciências Sociais da PUC.

O economista Gilberto Braga, especialista em gestão e contas públicas, lembrou os recuos do prefeito em relação a alguns convites para seu governo, bem como a decisão de Crivella de voltar atrás em vários decretos que previam cortes de despesas:

— É razoável haver dificuldades no início de um novo governo. O que não é crível são essas idas e vindas do prefeito no processo de tomada de decisões, a ponto de ele sequer ter concluído a montagem de sua equipe depois de um mês.

Diante dessa falta de definições, sobram queixas entre usuários de serviços públicos. O advogado e ambientalista Rogério Zouein, reclama, por exemplo, que alguns órgãos de fiscalização da cidade estão praticamente parados. Ele observou que, até a semana passada, a diretoria da Subsecretaria de Urbanismo não havia sido nomeada.

— Fiz reclamações sobre obras irregulares na Barra e no Cosme Velho, mas alegaram que não podiam enviar equipes porque elas não teriam a quem se reportar — denunciou Zouein.

 

SAÚDE E SEOP: PROMESSAS CUMPRIDAS

Mas, na nova gestão, também não faltam exemplos de ações que dão bons resultados. A Procuradoria Geral do Município e a Secretaria de Fazenda fizeram uma transição sem sustos. A pasta de Saúde cumpriu uma promessa de campanha de Crivella e deu início, no último sábado, a um mutirão de cirurgias. Já a Secretaria de Ordem Pública promoveu uma parceria entre a Guarda Municipal e a Polícia Militar, reforçando o patrulhamento nas praias — uma outra promessa feita antes das eleições do ano passado.

O GLOBO enviou várias perguntas a Crivella para que ele fizesse um balanço de seu primeiro mês à frente da administração municipal. De acordo com sua assessoria, ele ainda reúne dados sobre o governo para se pronunciar.

O globo, n.30494 , 01/02/2017. Rio, p.12