Valor econômico, v. 17, n. 4219, 22/03/2017. Brasil, p. A5

Reformas vão elevar PIB potencial para 4%, diz Meirelles

 

Fabio Graner
Eduardo Campos
Daniel Rittner

 

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, avalia que as reformas macro e microeconômicas que estão sendo feitas pelo governo podem elevar o crescimento potencial da economia dos atuais 2,5% para algo próximo de 4% nos próximos anos. O crescimento potencial é aquele que permite o máximo desenvolvimento do PIB sem gerar problemas com a inflação.

"Temos perspectiva de até o ano que vem conduzir as reformas para dar condições não só de crescer, mas de ter taxa sustentável de crescimento próxima a 4%", disse Meirelles em palestra no "2017 Latin American Cities Conferences: Brasilia", organizado pela Americas Society/Council of the Americas.

O ministro também elevou de 2,5% para 2,7% a expectativa de crescimento da economia brasileira no quarto trimestre deste ano em comparação com igual período de 2016. Mas não quis antecipar qual a nova projeção para a média de 2017. Para ele, o país deve entrar em 2018 com ritmo de crescimento acima de 3%.

Meirelles, que participou do evento entre duas reuniões sobre reforma da Previdência com bancadas partidárias (PSDB de manhã e DEM à tarde) explicou que a redução do tamanho do Estado, a ser feita por meio do teto de gasto e da reforma previdenciária, deve elevar a capacidade de crescimento em 0,6 a 0,7 ponto porcentual.

Já as reformas microeconômicas, que visam reduzir burocracias e tornar o ambiente mais favorável aos empreendedores, vão adicionar mais 0,7 a 0,8 ponto porcentual.

Meirelles reconheceu que esse é um "programa ambicioso", mas que por enquanto vai indo bem. "A economia está se recuperando, as reformas estão sendo aprovadas e vamos entregar um país em condições de crescer mais, melhor", disse. "Voltar a crescer já está acontecendo, a ideia é crescer a taxas mais altas." Sobre a amplitude das reformas, disse que o governo estuda a facilitação de compra de terras por estrangeiros, redução na burocracia tributária.

O ministro do Planejamento, Dyogo de Oliveira, também citou entre as medidas microeconômicas a criação de uma agência reguladora de mineração. Ele ressaltou que o país vive uma mudança de ambiente econômico, com melhora na percepção de risco, que está caminhando para o nível da época em que o Brasil tinha o grau de investimento, selo que indica baixo risco de calote.

Para Dyogo, o Brasil está em processo gradual de recuperação e, com as reformas, em especial a da Previdência, e a retomada dos investimentos deixará para trás os ciclos de "voo de galinha". Ele também previu a inflação abaixo da meta por algum tempo.

Na abertura do mesmo evento, o presidente Michel Temer garantiu que a reforma da Previdência será aprovada, ainda que tenha ajustes. "Estou garantindo que vamos aprovar uma reforma. Haverá discussões no Congresso, que é o senhor dessa matéria, mas vamos aprovar com uma ou outra adequação, quem sabe, mas vamos aprovar", disse.

Segundo ele, o grande problema não é só a equalização de contas, mas também a equalização entre os diferentes regimes.

Ainda de acordo com o presidente, a retomada do emprego, a melhora na perspectiva de nota do Brasil pela Moody's, e os leilões de aeroportos, que tiveram elevado ágio, significam que a crença no país que está renascendo.