Título: Lixo dos EUA será incinerado
Autor: Nascimento, Anamaria
Fonte: Correio Braziliense, 29/12/2011, Brasil, p. 11

Decisão da vigilância sanitária de Pernambuco vale para material em galpões de empresa têxtil

Recife — O material recolhido nos galpões da empresa acusada de importar lixo hospitalar dos Estados Unidos em outubro deste ano deve ser incinerado até o fim de janeiro pela Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa). A decisão foi divulgada ontem no Diário Oficial de Pernambuco e determina que todo o estoque de tecidos encontrados nos depósitos da Império do Forro de Bolso, em Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru, seja destruído. Já as 46t de lixo hospitalar encontradas em contêineres que estão apreendidos no Porto de Suape serão devolvidas aos Estados Unidos no próximo dia 7. A empresa tem prazo de 15 dias para recorrer da decisão de incinerar o material dos galpões.

O advogado aduaneiro Gilberto Lima, que defende o dono da Império do Forro de Bolso, Altair Moura, informou que recebeu a intimação da Apevisa, mas que o documento só será analisado no próximo dia 2. "Meu escritório está fechado por causa do fim de ano. Além disso, não falei com o meu cliente, que está viajando com a família", esclarece. Perícias da Polícia Federal (PF) e do Instituto de Criminalística de Pernambuco (IC) constataram a presença de sangue nas amostras de tecidos recolhidos em depósitos no Agreste pernambucano. Cerca de 50t de material descartado por hospitais norte-americanos foram encontradas.

"Os laudos constataram que se tratava de peças de tecidos já utilizadas em serviços de assistência à saúde. Por isso, elas são classificadas como lixo hospitalar", explicou o gerente-geral da Apevisa, Jaime Brito. Ainda de acordo com Brito, o local da incineração e o responsável pelos custos do procedimento não foram definidos. "O processo instaurado concluiu que o material encontrado é lixo. Portanto, precisa ter destinação adequada. Como não conhecemos o grau de contaminação do material, a melhor forma de descartar o lixo é incinerando", comentou. De acordo com Brito, os contêineres foram abertos pela última vez em 31 de outubro, durante visita de deputados federais integrantes de uma comissão criada para apurar o caso.

Regras

Em 11 e 13 de outubro, dois contêineres foram apreendidos no Porto de Suape, com carga de tecido hospitalar importado dos Estados Unidos. A Apevisa, além de coletar amostras, encaminhou o material ao Instituto de Criminalística e à Polícia Federal (PR) para serem periciados. A agência defendeu, em Brasília, a criação de regras nacionais para o controle da comercialização ou a doação de roupas de uso hospitalar.

Os deputados federais que criaram uma comissão externa para acompanhar as investigações do caso elaboram um projeto de lei que proíbe a comercialização de material hospitalar no país. Os parlamentares encontraram indícios de que os lençóis com sangue encontrados no Recife vieram de hospitais dos EUA que atendem militares no Iraque e no Afeganistão. A PF investiga o empresário cearense responsável pela empresa Texport Inc, que encaminhou os dois contêineres com lixo para Suape. O inquérito deve ser concluído no próximo mês.

""Os laudos constataram que se tratava de peças de tecidos já utilizadas em serviços de assistência à saúde. Por isso, elas são classificadas como lixo hospitalar""

Jaime Brito, gerente-geral da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária