Cavendish vira réu de novo, agora por fraude em obra na Marginal Tietê

Juliana Castro 

09/03/2017

 

 

Denúncia aponta superfaturamento pago por estatal paulista a consórcio liderado pela Delta, que pertencia ao empresário

O ex-dono da Delta Fernando Cavendish virou réu em mais um processo da Lava-Jato. O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, aceitou denúncia contra ele e outros cinco na ação que investiga fatos delituosos relacionados à contratação do Consórcio Nova Tietê para a ampliação da Marginal Tietê - Lote 2. O empresário é acusado de associação criminosa, lavagem de dinheiro e fraude à licitação.

A ação fica na Justiça Federal do Rio porque é conexa ao processo da Operação Saqueador, da qual Cavendish também é réu. Ele está em prisão domiciliar. A força-tarefa da Lava-Jato no Rio é quem conduzirá as investigações. Inicialmente, a denúncia havia sido feita à 14ª Vara Criminal da comarca da Capital de São Paulo.

De acordo com a denúncia, houve um superfaturamento de R$ 73,1 milhões na obra, pagos pela estatal Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) ao consórcio liderado pela Delta. A obra custou R$ 360,3 milhões. O valor inicial era de R$ 287,2 milhões. O contrato foi assinado em 2009.

“Além de inúmeros problemas como atrasos e falta de compensação ambiental, o valor pago ao consórcio Nova Tietê, liderado pela Delta Construções S.A, sofreu um reajuste aproximado de 25%. Houve, portanto, reajustes indevidos, edital dirigido e apresentação de documentos falsos”, afirmou o MP.

Além de Cavendish, virou réu Adir Assad, acusado de fornecer notas frias a empreiteiras para elas fazerem caixa 2. Mauro e Marcelo Abbud, sócios de Assad, também vão responder ao processo. Eles são acusados dos crimes de fraude à licitação, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e associação criminosa.

A outra empreiteira que integrava o consórcio com a Delta era a Sobrenco Engenharia e Comércio. O MP afirma que houve aditivo ilegal e abusivo em favor do consórcio, mediante conivência da Dersa. O órgão divulgou nota:

“Até o presente momento, a Dersa não tem conhecimento dos termos da suposta denúncia apresentada pelo MPF-RJ. E, portanto, não tem o que manifestar sobre o assunto”.

A defesa de Cavendish não se pronunciou. O advogado de Adir Assad e dos irmãos Abbud, Miguel Pereira Neto, não teve acesso à denúncia e disse que tem dúvidas se a competência para julgar o caso é da Justiça Federal do Rio.

 

O globo, n. 30530, 09/03/2017. País, p. 3