Petista diz que presidente é medroso e não enfrenta nada

18/03/2017

 

 

Dilma aponta como erro ter dado coordenação política a Temer

 

Além de acusar Michel Temer, vice de sua chapa, de irregularidades na Caixa e no FGTS, a expresidente Dilma Rousseff chamou o peemedebista de “um cara extremamente frágil, fraco e medroso”. Para a petista, um de seus erros enquanto esteve no Palácio do Planalto foi deixar nas mãos de Temer a coordenação política do governo.

“Porque o Temer é isso que está aí, querida. Não adianta toda a mídia falar que ele é habilidoso. Temer é um cara frágil. Extremamente frágil. Fraco. Medroso. Completamente medroso. (...) É um cara que não enfrenta nada”, disse.

Ao ser indagada sobre um possível arrependimento de ter entregue a coordenação política ao vice, Dilma diz que, na época, “não sabia que o nível de cumplicidade dele com o Eduardo Cunha era tão grande”.

CUNHA APONTARIA DESVIOS

Durante a entrevista ao “Valor”, Dilma faz referência a uma lista com 41 perguntas direcionadas a Temer, protocolada pela defesa do deputado cassado Eduardo Cunha na Justiça Federal do Paraná, em novembro do ano passado. Em uma das perguntas, Cunha indaga qual é a relação de Temer com José Yunes, ex-assessor especial da Presidência, e se Yunes recebeu alguma doação de campanha para o PMDB.

“Quando li a primeira vez, lá sabia quem era José Yunes? Mas lá está Eduardo Cunha dizendo que quem roubava na Caixa Econômica Federal, no FGTS, é o Temer. Leia, minha filha. Não tenho acesso às delações, mas sei o que é um roteiro. E lá está explícito roteiro da delação de Eduardo Cunha. Explícito. Alguém não sabe que o Cunha está dizendo que não foi o Yunes, mas o Temer?”, questiona Dilma.

A petista admitiu ainda que foi um erro ter concedido tantas desonerações às empresas:

“Acho que cometi um erro importante, o nível de desoneração de tributos das empresas brasileiras. Reduzimos a contribuição previdenciária, o IPI, além de uma quantidade significativa de impostos. Com isso, tivemos uma perda fiscal muito grande. Nossa expectativa era evitar que a crise nos atingisse de forma pronunciada. Por isso, aumentamos também o crédito, mas acho que aí não erramos. Erro foi a desoneração porque, ao invés de investir, eles aumentaram a margem de lucro às custas de mais fragilidade nas contas públicas”.

Dilma contou como é sua rotina desde que perdeu o mandato. A ex-presidente mora em um apartamento em Porto Alegre, próximo da casa da filha e dos dois netos. Viaja uma vez por mês a Belo Horizonte, para visitar a mãe, e se sustenta com a aposentadoria de R$ 5.578 do INSS e aluguéis de imóveis.

O globo, n. 30539 , 18/03/2017. País, p.5