Moro condena Delúbio Soares a 5 anos de prisão
Mateus Coutinho / Julia Affonso / Ricardo Brandt / Fausto Macedo
03/03/2017
Além do ex-tesoureiro do PT, juiz imputa mesma pena de reclusão aos empresários Ronan Maria Pinto e Enivaldo Quadrado por empréstimo fraudulento
O juiz federal Sérgio Moro condenou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e os empresários Ronan Maria Pinto e Enivaldo Quadrado a 5 anos de prisão por lavagem de dinheiro.
Os três são acusados de lavagem de R$ 6 milhões de um empréstimo fraudulento feito junto ao Banco Schahin em favor do PT. Delúbio já foi condenado no caso do mensalão a 6 anos e 8 meses de prisão por corrupção ativa.
Moro fixou o valor mínimo para a reparação de danos a ser revertido para a Petrobrás em R$ 61.846.440,07, “a ser corrigido monetariamente e acrescido de juros até o pagamento”.
Foi condenado ainda o economista Luiz Carlos Casante, a 4 anos e 6 meses de reclusão, também por lavagem de dinheiro.
Moro impôs pena de reclusão de 4 anos ao empresário Natalino Bertin, mas declarou “prescrita a pretensão punitiva”.
O juiz também determinou a interdição de Delúbio Soares, Enivaldo Quadrado, Luiz Carlos Casante e Ronan Maria Pinto para o exercício de cargo ou função pública ou de diretor, membro de conselho ou de gerência de pessoas jurídicas pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade.
Foram absolvidos o empresário Oswaldo Rodrigues Vieira Filho, o ex-empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, operador do esquema do mensalão, o executivo Sandro Tordin e o jornalista Breno Altman da “imputação de crime de lavagem de dinheiro por falta de prova suficiente para a condenação”.
Empréstimo. Ronan é dono do jornal Diário do Grande ABC, de Santo André (SP). A Operação Lava Jato suspeita que ele comprou a publicação com R$ 6 milhões que teria recebido via José Carlos Bumlai, pecuarista amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi preso em 24 de novembro de 2015.
Bumlai tomou empréstimo supostamente fraudulento de R$ 12 milhões do Banco Schahin, em outubro de 2004.
Ele afirmou a Moro que o dinheiro foi destinado ao PT.
Ronan foi preso na Operação Carbono 14, um dos desdobramentos da Lava Jato, em 1.º de abril do ano passado. Em setembro, o empresário foi solto com a obrigação de usar tornozeleira eletrônica, por determinação do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), que reformou ordem de prisão preventiva do juiz Sérgio Moro.
Além da tornozeleira, o tribunal impôs a Ronan o pagamento de fiança de R$ 1 milhão.
Pena. Delúbio foi condenado no mensalão
O Estado de São Paulo, n. 45062, 03/03/2017. Política, p. A7.