Aloysio diz que dará 'nova vida' ao Mercosul

Vera Rosa / André Ítalo Rocha / Erich Decat 

03/03/2017

 

 

 

Crítico do presidente dos EUA, tucano vai substituir José Serra no Itamaraty

 

 

O presidente Michel Temer escolheu o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), para assumir o comando do Ministério das Relações Exteriores. Aloysio entrará no lugar de José Serra, que pediu demissão na semana passada, alegando problemas de saúde.

O novo chanceler disse ontem que quer dar “uma nova vida ao Mercosul” e aproximá-lo do bloco de países que formam a Aliança do Pacífico – México, Colômbia, Peru, Chile e Costa Rica. Citou, ainda, o acordo em negociação com a União Europeia, definido por ele como “uma nova oportunidade de inserção mais competitiva” do Brasil.

“Eu aceito o cargo consciente da responsabilidade e também das oportunidades que uma boa política externa, como essa que vem sendo praticada pelo governo Temer, pode trazer para o Brasil”, afirmou Aloysio, em mensagem de vídeo postada nas redes sociais. “A política externa, nesse momento em que o Brasil começa a sair de uma crise profunda, pode dar uma grande contribuição, especialmente na área econômica, no comércio internacional e em investimentos.” Temer já havia demonstrado interesse em nomear o tucano, mas o convite foi feito somente ontem, no Palácio do Planalto, na presença de Serra, que voltou a ocupar a cadeira de senador.

Antes, o presidente tinha pedido a um amigo em comum para sondar Aloysio. A posse está marcada para terça-feira, junto com a do novo titular da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR).

Com o desafio de repensar posições vistas como dogmáticas, como a defesa incondicional do multilateralismo, Aloysio indicou que manterá a linha da política externa adotada por Serra.

Ainda não está definido quem será o novo líder do governo no Senado.

Ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores, o tucano concorreu a vice na chapa de Aécio Neves (PSDB-MG), em 2014, contra a ex-presidente Dilma Rousseff e Temer. A disputa, porém, nunca abalou a amizade com o peemedebista.

 

Investigação. Em setembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello determinou a abertura de inquérito para apurar denúncia de crime eleitoral contra o senador. A investigação foi desencadeada após delação do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC, dizendo que Aloysio teria recebido R$ 300 mil de forma oficial e R$ 200 mil em dinheiro de caixa dois para sua campanha ao Senado, em 2010. “É absurda a mera suposição de que eu, oposicionista notório e intransigente aos governos do PT, pudesse favorecer negócios na Petrobrás”, rebateu ele.

 

Trump. Após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, Aloysio fez duras críticas ao republicano. “Ele exprime valores muito negativos, de hostilidades aos estrangeiros. (...) É o mais reacionário, o mais xenófobo, o mais intolerante. O mundo não vai ficar melhor, pelo contrário, vai ficar pior”, disse. Nas redes sociais, ele chegou a afirmar que “Trump é o Partido Republicano de porre.”

 

No Senado. Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) presidiu a Comissão de Relações Exteriores

 

Venezuela

Na Comissão de Relações Exteriores do Senado, Aloysio disse ser contra a Venezuela assumir o comando do Mercosul. “Seria uma desmoralização do bloco.”

 

 

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45062, 03/03/2017. Política, p. A8.