Título: Metroviários seguem em greve
Autor: Abreu, Roberta ; Almeida, Kelly
Fonte: Correio Braziliense, 20/12/2011, Cidades, p. 25

A greve dos metroviários entra no nono dia hoje. A categoria se reuniu em assembleia, na noite de ontem, e decidiu continuar de braços cruzados. Os funcionários reivindicam a conclusão do Acordo Coletivo de Trabalho firmado com o governo em abril. Segundo eles, a negociação não foi cumprida conforme o prometido e a data-base não é respeitada. Eles pedem também melhorias nas condições de trabalho e reclamam que não têm gratificações e que recebem benefícios menores que outras empresas públicas do DF. Uma nova assembleia está marcada para amanhã, às 20h, na Praça do Relógio, em Taguatinga.

Ontem à tarde, representantes da Companhia do Metropolitano (Metrô-DF) e do Sindicato dos Metroviários (SindMetrô) se reuniram para uma audiência de conciliação no Ministério Público do Trabalho. O Metrô exigiu que os servidores voltassem imediatamente ao serviço e ratificaram sugestão do Tribunal Regional do Trabalho de retomar as negociações em janeiro. Os metroviários não aceitaram.

Desde o começo da paralisação, apenas 30% dos funcionários trabalham. Dos 24 trens, apenas nove circulam no horário de pico e seis, nos horários de menor movimento. O tempo de espera, que normalmente é de 10 a 15 minutos, chega a quase meia hora. Com a greve, a estimativa é de que pelo menos 160 mil passageiros sejam prejudicados diariamente.

O vigilante José Gadelha Júnior, 36 anos, mora no Guará e reclama da greve. "Antes, eu acordava às 5h40 para pegar o primeiro trem. Agora, tenho que acordar às 5h para pegar o primeiro ônibus. Se eu arriscar ir de metrô, chego atrasado ao trabalho", disse. Na volta para casa, José usa o metrô. "Porque já não tenho compromisso. O tempo de espera é de 20 minutos a meia hora e está sempre lotado", reclamou. Moradora de Ceilândia, a auxiliar de dentista Ana Paula Barbosa de Sousa, 28 anos, usa o metrô diariamente. Para ela, o serviço, que não é bom, piora com a paralisação. "Normalmente já é cheio, tumultuado. Com a greve, só duplica o que já sofremos", avalia. "Eu costumava chegar no trabalho às 7h30, agora chego sempre às 8h", reclamou a auxiliar.