Ex-gerente da Petrobrás é preso pela PF

Julia Affonso / Ricardo Brandt / Fabio Fabrini / Luiz Vassallo / Mateus Coutinho

29/03/2017

 

 

Roberto Gonçalves, acusado de movimentar US$ 5 mi em propinas, sucedeu Pedro Barusco

 

 

 

Na segunda operação policial deflagrada em duas semanas utilizando as delações da Odebrecht, a Polícia Federal prendeu preventivamente na manhã de ontem, em Boa Vista (Roraima), o ex-gerente de Serviços da Petrobrás Roberto Gonçalves. Ele é acusado de movimentar US$ 5 milhões em propinas recebidas em offshores no exterior por empreiteiras do esquema de corrupção da Petrobrás.

Gonçalves, preso pela Operação Paralelo, 39.ª fase da Lava Jato, é sucessor de Pedro Barusco, um dos primeiros colaboradores, que admitiu ter recebido US$ 97 milhões em propinas.

Segundo a Lava Jato, foram identificadas cinco contas bancárias no exterior, sendo que uma delas, registrada em nome da offshore Fairbridge Finance SAcom Gonçalves como beneficiário final, recebeu, em 2011, cerca de US$ 3 milhões de offshores ligadas ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o departamento da propina.

A Procuradoria da República apontou ainda outra conta, registrada no nome da offshore Silverhill Group Investment Inc., que também tem Gonçalves como beneficiário final e teria recebido, em 2014, mais de US$ 1 milhão provenientes de uma conta em nome da offshore Drenos Corporation, vinculada ao ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque. A defesa de Gonçalves diz desconhecer as contas.

O ex-gerente já havia sido detido temporariamente em 16 de novembro de 2015 e liberado dez dias depois. Agora, com a cooperação do Ministério Público da Suíça e novas informações trazidas pelo ex-diretor da Odebrecht e delator Rogério Araújo, a Lava Jato conseguiu rastrear as movimentações financeiras de Gonçalves por meio das offshores.

A PF também cumpriu ontem cinco mandados de busca e apreensão no Rio envolvendo os sócios da corretora Advalor.

 

Defesas. Segundo o advogado James Walker, que defende Gonçalves, o ex-executivo da estatal está “tranquilo e disposto a colaborar com a Justiça”. A Advalor afirmou que todas suas operações são “lícitas e contabilizadas”, e que isso será comprovado pelas autoridades. A Odebrecht disse que “adota as medidas adequadas e necessárias para continuamente aprimorar seu compromisso com práticas empresariais éticas e de promoção da transparência em todas as suas ações”. 

 

Paralelo. Operação da PF também cumpriu mandados no Rio

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45088, 29/03/2017. Política, p. A7.