FGTS: medidas devem injetar R$ 48,2 bi

Bárbara Nascimento

Gabriela Valente

14/03/2017

 

 

Planejamento diz que impacto no PIB deve ser de 0,7 ponto percentual

O Ministério do Planejamento informou ontem que o conjunto de medidas que envolvem o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) tem potencial de impactar a economia em R$ 48,2 bilhões em 2017. O número representa um aumento de cerca de 0,7 ponto percentual sobre o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.

O saque das contas inativas é a principal aposta do governo. O potencial de impacto no consumo é de R$ 34,5 bilhões. As mudanças nos parâmetros do programa Minha Casa Minha Vida e a permissão para uso do FGTS na aquisição de imóveis de até R$ 1,5 milhão impactarão em R$ 8,6 bilhões e R$ 4,9 bilhões, respectivamente. Em relação a essa última possibilidade, a expectativa do governo é que sejam comercializados quatro mil imóveis.

Segundo o estudo do Planejamento, mesmo com todas essas medidas, o FGTS continua sustentável: “Segundo simulações feitas pela Seplan (Secretaria de Planejamento e Assuntos Econômicos) avaliando as mudanças sobre o FGTS, o fundo se mostra sustentável tanto em termos de liquidez no curto prazo quanto em termos de solidez no longo prazo sob o ponto de vista da administração de ativos e passivos”, diz o documento.

No primeiro dia de saques das contas inativas do FGTS, na sexta-feira, foram pagos R$ 4 bilhões, informou o presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi. Este valor leva em consideração não apenas quem sacou as contas inativas, mas trabalhadores que foram demitidos sem justa causa e aqueles que retiraram o dinheiro das contas para compra de casa própria. Já no sábado, quando 1.841 agências abriram as portas exclusivamente para receber trabalhadores com contas inativas, houve mais de 530 mil atendimentos. Muitos deles foram apenas para atualização cadastral. Como é preciso esperar pelo menos 48 horas para que os dados sejam alterados, Occhi acredita que o número de saques aumente nos próximos dias.

Hoje, as agências do banco abrirão duas horas mais cedo, portanto, às 8h. Algumas unidades, que normalmente abrem às 9h, começarão a atender às 8h e fecharão uma hora mais tarde. Já aquelas que iniciam atendimento às 11h da manhã vão antecipar sua abertura para as 9h.

O presidente da Caixa informou que o banco deve montar um esquema para abertura de agências em um sábado de abril, mês em que não havia previsão de funcionamento. Ele admitiu que enfrentar fila é inevitável:

— Não existe estrutura bancária neste país que suporte o atendimento a 30 milhões de pessoas.

O globo, n.30535 , 14/03/2017. Economia, p.16