Planalto aposta em denúncias ‘suprapartidárias’

Simone Iglesias 

Júnia Gama

Geralda Doca

15/03/2017

 

 

Segundo auxiliares de Temer, pedidos de inquérito demonstram que problema é ‘sistêmico’, não só do governo

 No dia em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido de abertura de 83 inquéritos, envolvendo, entre outros, a cúpula do Palácio do Planalto e do PMDB, o presidente Michel Temer tentou manter a tranquilidade. O que faz integrantes do governo manterem o controle é o que chamam de “suprapartidarismo” dos envolvidos nos pedidos da PGR, que atinge tanto as maiores quanto as menores legendas do Congresso.

— Pelas informações, são cerca de 400 políticos envolvidos. Isso não é um problema de governo, é sistêmico — afirmou um auxiliar presidencial.

 

“PODERES INDEPENDENTES”

Ontem, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, minimizou os efeitos da divulgação da lista do procurador-geral da República na votação de temas importantes para o governo no Congresso, como a reforma da Previdência, por exemplo. Ele mencionou que há um trabalho intenso pela frente por parte da Justiça, como aceitação ou não de denúncias, e a abertura de inquéritos. Meirelles destacou ainda que os Três Poderes são independentes.

— Eu acredito que não vá prejudicar a continuidade do trabalho do Legislativo — disse o ministro da Fazenda, logo após participar de reunião com a bancada do PSB para explicar detalhes da reforma da Previdência.

Meirelles disse que esse procedimento faz parte das atribuições da Justiça e que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez um trabalho “extenso”:

— Isso é um procedimento da Justiça, que é Poder independente e está fazendo as suas investigações.

O globo, n.30536 , 15/03/2017. País, p.5