Segundo a Caixa, foram depositados R$ 2 bilhões em contas corrente ou poupança de 1,9 milhão de trabalhadores. Além disso, foi pago R$ 1,8 bilhão de FGTS a 1,4 milhão de pessoas nos demais canais de atendimento (agências, lotéricas, correspondentes e autoatendimento). Neste caso, o montante engloba todos os saques de FGTS e pode incluir resíduos de valores que não são de contas inativas.

Ontem, no primeiro sábado em que as agências da Caixa ficaram abertas para atender a quem pretende sacar os recursos, as filas se concentraram nas primeiras horas da manhã, mas o movimento foi menor no restante do dia. Das 4.200 agências do banco no país, 1.841 abriram ontem das 9h às 15h exclusivamente para tratar de contas inativas.

Segundo o superintendente regional do Rio de Janeiro, Arnaldo Barcellos Neto, até o fim desta semana deve-se alcançar a expectativa da Caixa de 4,8 milhões de trabalhadores e R$ 6,9 bilhões em recursos liberados na primeira fase. A partir do dia 10 de abril, trabalhadores que nasceram nos meses de março, abril e maio também poderão sacar recursos de contas inativas.

— Nossa expectativa era de um movimento maior. Teve mais procura no começo do dia em alguns locais, como Bangu, Méier e Nova Iguaçu, mas, depois, o fluxo se normalizou — disse ele.

No Méier, a fila da agência na Rua Dias da Cruz se estendia no começo da manhã até as lojas vizinhas, mas foi normalizada por volta de 10h30m. Em Copacabana, na Rua Siqueira Campos, cerca de 20 pessoas aguardaram a abertura da agência, mas algumas foram atendidas em apenas 15 minutos. No Centro do Rio, no meio da manhã, as agências ficaram mais vazias.

A vendedora Nilcea dos Santos, de 51 anos, foi a primeira da fila em Copacabana e chegou às 8h para tentar resolver tudo antes de ir trabalhar. Numa consulta ao saldo das contas, aparecia “o valor irrisório de R$ 137”, segundo ela. Em menos de meia hora, conseguiu regularizar a situação e confirmou que teria R$ 1 mil, valor que deve estar disponível em cinco dias úteis. Segundo a Caixa, este é o prazo para regularizar o FGTS. No caso de contas inativas, porém, isso tem ocorrido de forma rápida.

— Vou aproveitar para pagar minhas dívidas, mas também vai sobrar alguma coisa para eu me divertir. A gente merece — disse ela.

Já o analista Marcos Dereczynski, de 56 anos, teve de ir a duas agências para conseguir sacar o dinheiro. Isso porque não lembrava que tinha uma conta poupança na Caixa, feita por sua mãe quando ele ainda era criança, na qual o depósito tinha sido feito:

— Nem lembrava da conta, mas agora está esclarecido. O dinheiro veio em boa hora.

Stella Rayer da Cruz de Lima, analista de ouvidoria, de 34 anos, conseguiu sacar o dinheiro de uma das contas, mas o valor de outra não aparecia. Ela regularizou a situação, mas foi informada de que o dinheiro só estaria disponível a partir do dia 20, por causa do prazo de cinco dias úteis para solucionar o problema.

— Vou guardar esse dinheiro porque a gente nunca sabe o dia de amanhã — contou ela.

DOC PARA TRANSFERIR DINHEIRO

Quem tinha mais de R$ 5 mil a receber não poderia fazer transferências para outros bancos por TED (Transferência Eletrônica Disponível) ontem, já que isso depende do funcionamento das outras instituições financeiras. Para evitar que os trabalhadores saíssem das agências com muito dinheiro, no entanto, a Caixa estava fazendo várias transferências para uma mesma pessoa por meio de DOC (Documento de Ordem de Crédito), cujo limite é de R$ 4.999,99.

Em São Paulo, que reúne 33,2% dos beneficiários e cerca de 45% do valor disponível para saques do FGTS de contas inativas em todo o país, o movimento nas agências da Caixa ontem foi tranquilo. Segundo informações do banco, mais de 600 agências abriram no estado de um total de 929 existentes. Na capital paulista, foram 203 agências abertas.

— Foram atendidas 70 mil pessoas nas agências abertas na capital, sem contar as que usaram o autoatendimento nos caixas. Foi um dia exitoso, com menor movimento que sexta e sem problemas. Os sistemas funcionaram bem e sem interrupção — disse Clayton Rosa, superintendente regional da Caixa em São Paulo.

Na agência República, no Centro, havia ao menos 30 pessoas esperando a abertura, que aconteceu às 9h. Muita gente chegou cedo ao local, como Alexandre Peres, de 43 anos, morador do Jardim Ângela, Zona Sul da cidade. Por volta de 6h30m ele já estava na porta da agência, para retirar os R$ 9.400 de suas contas inativas.

— Fui o primeiro a chegar. O atendimento foi muito rápido, em menos de 15 minutos, e fiz logo uma transferência do dinheiro para minha conta — diz.

Na sexta, Alexandre já havia recebido R$ 780 que foram transferidos automaticamente para sua conta. Mas, para sacar os R$ 9.400 restantes, teve de ir pessoalmente ontem e apresentar a carteira de trabalho. O dinheiro já tem destino certo:

— Esse dinheiro extra caiu do céu: vou comprar chapa, fritadeira e churrasqueira elétrica para terminar um food truck de hambúrgueres.