Título: BC reduz PIB para 3% em 2011
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 17/12/2011, Economia, p. 17

Banco Central revisa expansão do país neste ano e vê salto de até 4% em 2012

Apesar do otimismo da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao preverem crescimento econômico entre 4,5% e 5% em 2012, não será um ano fácil para o país, dada a gravidade e a duração da crise europeia. Não à toa, o Banco Central, comandado por Alexandre Tombini, fará o duro papel de levar o governo a fincar os pés na realidade. Na próxima semana, a autoridade monetária divulgará o último relatório trimestral de inflação de 2011. E, para preocupação do Palácio do Planalto, não só deverá reduzir a previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 3,5% para 3%, como estimará um avanço entre 3,5% e 4% para o próximo ano.

Na avaliação do BC, não há nada, no horizonte, que justifique a aposta de um ritmo mais forte da economia nos próximos meses. Para técnicos da instituição, tanto a produção quanto o consumo estão recuperando o fôlego, mas de forma lenta. E o motivo principal para isso é a diminuição da confiança da população e do empresariado. Temendo tempos difíceis caso a Europa degringole de vez, muitas famílias reduziram o ritmo das compras para não serem pegas no contrapé. Já o comércio e a indústria reduziram os desembolsos dos investimentos.

Por mais sinais positivos que o governo venha passando, sobretudo ao cortar impostos de eletrodomésticos e estimular o crédito, muitos se assustaram com o tranco da economia no terceiro trimestre do ano. O nível da atividade vinha diminuindo com o aumento dos juros e a adoção de medidas restritivas no crédito adotadas pelo BC. A expectativa era de que o crescimento do PIB se situasse em torno de 4%. Mas, com o agravamento da crise europeia, a retração foi mais forte que o desejado. Pessimista, o mercado financeiro estima expansão de 2,8% para este ano e entre 3% e 3,5% para 2012.

Para Mauro Schneider, economista-chefe do Banco Banif, é mais do que natural que o BC revise seus dados e passe a prever um salto de 3% para o PIB neste ano e um número menor do que a maioria do governo para 2012. "Quando a instituição fez o último relatório de inflação, não conhecia o PIB do terceiro trimestre e não tinha em mãos um único dado sobre o último trimestre", observou.

Ociosidade na indústria A ociosidade das fábricas brasileiras aumentou em novembro, na comparação com outubro. De acordo com o levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o nível da capacidade instalada do setor, que mede a utilização das linhas de montagem, diminuiu de 76% para 75%. O estudo da entidade mostrou ainda que a produção permaneceu praticamente estável no mês passado, após dois meses seguidos de quedas. Dados da Sondagem Industrial divulgados ontem mostraram pontuação de 50,1, nível que superou os 48,8 medidos em outubro. O indicador varia de 0 a 100. Quando fica abaixo de 50, indica retração. Como ficou ligeiramente acima, a interpretação da CNI é de que o parque produtivo nacional segue sem grandes sobressaltos, mas se segurando como pode.