Na OMC, Brasil questiona 26 programas canadenses de apoio à Bombardier

Assis Moreira

02/03/2017

 

 

O Brasil vai questionar 26 programas de apoio do Canadá ao construtor aeronáutico Bombardier, em consulta a ser realizada na semana que vem em Genebra. A tendência é que os dois países retomem na Organização Mundial do Comércio (OMC) uma das maiores disputas envolvendo o mercado de jatos regionais.

A delegação brasileira alega que os bilionários subsídios dados à Bombardier para o desenvolvimento, lançamento e manutenção do jato da C-Series são ilegais e deslocam ou impedem exportações da Embraer.
A Bombardier inicialmente lançou o C-Series em 2005, depois o relançou em 2008. Desde então, a companhia canadense vendeu mais de 300 aeronaves para clientes no Canadá, EUA, Austrália, Europa, Ásia e Oriente Médio. Tudo isso com preços generosos, considerados imbatíveis, já que a empresa tem o apoio do Tesouro canadense para atropelar a concorrência.

No entanto, analistas do banco suíço UBS continuam a questionar a viabilidade do jato regional canadense. Estimam que as encomendas são insuficientes, e esperam que a diretoria cumpra a promessa de obter maiores contratos de venda durante o ano.

A Bombardier anunciou no começo de fevereiro que receberia mais US$ 372 milhões de recursos do governo do Canadá, na terceira injeção pública de capital na empresa em 18 meses.

Para o Brasil, os programas canadenses de apoio à Bombardier estão condicionados a desempenho de exportação ou utilização de produtos domésticos em comparação a importações, em violação de regras da OMC.

Também na semana que vem, o Brasil terá nova reunião bilateral com a Tailândia, no âmbito do Sistema de Solução de Controvérsias da OMC, sobre subsídios concedidos pelo país asiático ao setor de açúcar.

Para o Brasil, a Tailândia tem medidas que afetam artificialmente a competitividade internacional do açúcar, em detrimento das exportações brasileiras, cuja participação no mercado global caiu mais de 5% entre 2012 e 2014, com prejuízos anuais estimados em US$ 1 bilhão. Se os tailandeses não alterarem o programa, o caminho para o Brasil será pedir aos juízes da OMC que examinem a queixa.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4205, 02/03/2017. Opinião, p. A2.