Moraes traça ‘plano de ação’ para questões polêmicas em sabatina

Erich Decat

09/02/2017

 

 

Licenciado do Ministério da Justiça, Alexandre de Moraes apresentou ontem a lideranças da base aliada do Senado o plano de ação que pretende adotar para responder às questões controversas que deve enfrentar durante sabatina prevista para ser feita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. A audiência com os integrantes do colegiado é uma das etapas pelas quais Moraes deverá passar, para assegurar sua indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF).

No encontro com integrantes da bancada do PSDB, Moraes, que até a véspera da reunião estava filiado à legenda, apresentou um levantamento, que aponta que ao menos 30% dos indicados para a Suprema Corte, nos últimos 20 anos, têm um histórico de atuação partidária e/ou no governo da ocasião.

Os dados, segundo relatos, servirão de base para o ministro se defender de possíveis ataques da oposição que o acusa de, uma vez no STF, ficar à serviço do PSDB e do presidente Michel Temer, responsável por sua indicação.

Na saída do gabinete, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), também minimizou o fato de Moraes, antes de ser indicado para o STF, ocupar o Ministério da Justiça, subordinado a Temer. Ao falar do tema, o tucano mencionou o histórico do ministro Celso de Mello, decano da Corte. “Ele assessorou diretamente o presidente José Sarney até o momento de sua indicação.

Isso faz dele um ministro menor? Pelo contrário. Servir ao governo é participar da vida democrática.

Isso deve ser louvado. Não podemos cair na cantilena oposicionista, que desconsidera o passado de indicações do próprio PT para fazer esse tipo de acusações.”

 

Cunha. Moraes também já tem se preparado para outro ponto polêmico: o fato de ter sido advogado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Operação Lava Jato, em uma ação em que o deputado cassado era acusado de usar documento falso. El e foi absolvido. Entre os argumentos ensaiados está o de que, como advogado, Moraes exercia o direito constitucional de defesa.

Antes do encontro com os tucanos, Moraes também foi pedir apoio para o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e para o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL).

 

Apoio. Moraes também se encontrou ontem com Renan

 

Mariz

Dois senadores do PSDB e um do PMDB afirmaram que Antônio Cláudio Mariz de Oliveira é o nome mais forte na preferência do presidente Michel Temer para ocupar o Ministério da Justiça.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45040, 09/02/2017. Política, p. A6.