Título: PF começa a procurar os laranjas no caso TRT
Autor: Leite, Larissa ; Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 22/12/2011, Política, p. 5

O círculo de influência da servidora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) Márcia de Fátima Pereira e Silva Vieira começou a ser investigado pela Polícia Federal. A servidora foi presa na última segunda-feira pela PF, dentro da Operação Perfídia, acusada de desviar pelo menos R$ 5,5 milhões de depósitos judiciais, apenas neste ano. Desde ontem, a investigação do caso está focada em delinear a conduta de cerca de 20 pessoas apontadas como "laranjas" no esquema criminoso. Márcia era autorizada a administrar os depósitos judiciais da 2ª Vara desde 2006 - assim, estima-se que o valor roubado possa ser muito maior.

O TRT informou ao Correio que, na próxima semana, já recebe extensa lista de movimentações financeiras da Vara onde a acusada trabalhava. A revelação do montante total desviado pela servidora é considerada estratégica para a apuração do crime. Márcia é acusada de peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e inserção de dados falsos em sistemas de informática. Somadas, as penas podem chegar a 20 anos de prisão.

De acordo com o TRT, a Caixa Econômica Federal se comprometeu a encaminhar os dados de movimentações de dinheiro. O presidente do tribunal, Ricardo Alencar Machado, informou que todos os valores desviados serão devolvidos aos verdadeiros donos. "Pode demorar um pouco. Mas todos receberão o dinheiro que lhe é de direito", afirmou. "Nós fomos traídos (pela servidora), mas vamos virar o jogo. Já estamos estudando fórmulas e mecanismos para que isso não ocorra novamente", disse Alencar.

A delegada responsável pelo caso, Fernanda Oliveira, ouviu ontem três pessoas, nenhuma delas com grau de parentesco com a servidora. "Começamos a ouvir as pessoas que já estavam nos autos como beneficiários ilegítimos. Temos que ter cuidado, pois nem todos necessariamente sabiam do esquema" afirmou Oliveira. Ontem, o delegado que defende Márcia e seus familiares também esteve presente na polícia para acompanhar depoimentos. Atualmente, estão presos o marido da servidora, José Aílton, a mãe, Maria Pereira, e dois irmãos, Maurício e Márcio Pereira — todos acusados de participação no crime.

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