Valor econômico, v. 17, n. 4209, 08/03/2017. Finanças, p. C3

Jucá propõe ampliar prazo do consignado e liberar compulsório

 

Fabio Graner


O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse ontem que propôs ao governo a ampliação do prazo do crédito consignado, de forma a permitir que as famílias tenham um alívio em suas despesas. Atualmente, o prazo do consignado é limitado a 96 meses e um alongamento para 120 ou 136 meses poderia fomentar renegociações de dívidas e aliviar o peso delas nos orçamentos familiares.

O senador, que foi o primeiro ministro de Michel Temer a cair, mas que preserva grande influência na gestão do peemedebista, também afirmou que o governo pode discutir a liberação de depósito compulsório. "É para situações limitadas, não uma política geral", disse. "Estou debatendo essas propostas no governo, a definição será da equipe econômica", acrescentou.
Jucá afirmou que o Banco Central (BC) precisa olhar a necessidade de redução do juro real. "Há um dado que tem que ser olhado pelo BC, que é o juro real que tem de cair", disse Jucá. Segundo ele, não adianta diminuir o juro nominal se a inflação está caindo mais rápido, pois, na prática, o juro real aumenta. "Isso impacta negativamente as famílias, as empresas", afirmou.

"O ritmo de queda do juro pelo BC, dentro da autonomia que ele tem, deve ser compatível com a diminuição do juro real do Brasil hoje", acrescentou, ao deixar a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o chamado Conselhão.

No mesmo evento, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse ser preciso "enfrentar a questão dos juro estrutural". O tema ganhou evidência após ser mencionado pelo BC como fator determinante para o tamanho do ciclo de corte de juros em andamento pelo BC. "Um dado importante são os juros estruturais, de equilíbrio, da sociedade e da economia, que, no Brasil, são muito elevados, independentemente da política monetária", disse. "Então, o ajuste fiscal, a estruturação de toda essa série de reformas microeconômicas, a diminuição do risco-país, como está acontecendo, leva à queda dos juros estruturais do país e facilita o trabalho do Banco Central para baixar gradualmente a taxa básica de juros", afirmou Meirelles.

Ele disse ainda que o governo também está enfrentando a taxa de juros bancária. "Há uma série de medidas nessa direção. E nossa previsão é que terá trajetória também cadente e que será facilitada pela trajetória de melhora da economia", afirmou. (Colaboraram Cristiane Bonfanti, Marcelo Ribeiro e Bruno Peres)