Delegados da PF vão divulgar apoio a Daiello

Ricardo Brandt e Fausto Macedo

15/02/2017

 

 

Os delegados da Operação Lava Jato, em Curitiba e em Brasília, defenderam ontem a permanência do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, no cargo. Foi uma reação à decisão da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), que anteontem protocolou no Palácio do Planalto um ofício pedindo ao presidente Michel Temer a troca do comando da corporação.

O Estado apurou que delegados da PF da Lava Jato e que integram também as operações Acrônimo e Zelotes vão redigir uma carta pública manifestando apoio ao diretor-geral. Eles vão declarar que confiam no trabalho de Daiello e que “sua saída pode representar riscos às operações”.

“A coordenação da Lava Jato obviamente não apoia a saída do diretor-geral Leandro Daiello.

Como apoiar um ato que vai contra o que vimos nos últimos três anos? O diretor-geral sempre se mostrou isento quanto às investigações, bem como fez as liberações de recursos que solicitamos”, afirmou o delegado Maurício Moscardi. “Até mesmo quanto ao efetivo da operação, muito citada, estamos sendo integralmente atendidos.” Hoje são quase 60 policiais – entre delegados, agentes e peritos que integram a Lava Jato, em Curitiba. “Quase 60 policiais em uma operação era uma realidade desconhecida para nós.” O documento será assinado por aproximadamente 30 delegados que integram a linha de frentes dessas três operações de combate à corrupção. Para os delegados da Lava jato, o movimento da ADPF de propor a troca de Daiello é político.

Lista. A entidade da categoria quer que o governo aprove a adoção de uma lista tríplice para indicação do diretor-geral da PF – como é feito no Ministério Público Federal para escolha do procurador-geral da República.

A lista é encabeçada pela delegada Erika Mialik Marena, especialista em crimes financeiros e lavagem de dinheiro, que atuava na Lava Jato. Em nota pública, a associação afirmou que a gestão de Daiello tem esvaziado as grandes operações.

Os delegados Igor Romário de Paula e Maurício Moscardi, porém, rebatem esse argumento.

Segundo eles, todo orçamento pedido para o comando da corporação foi atendido integralmente em 2017 e a transferência de delegados da equipe, como a de Márcio Anselmo – que vai assumir a Corregedoria da PF no Espírito Santo –, foi feita a pedido.

O próprio Anselmo negou em documento enviado aos superiores que seu pedido de remoção tenha relação com pressões políticas ou insatisfação.

 

Sumária

Os advogados do ex-presidente Lula pediram ao juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato, a absolvição sumária de Marisa Letícia, que morreu vítima de um AVC.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45046, 15/02/2017. Política, p. A7.