— Eu nem sei se estarei vivo para ser candidato em 2018, e sei que eles querem que eu não seja candidato. Eles peçam a Deus para eu não ser candidato, porque, se eu for, é para ganhar e trazer de volta a alegria deste país — disse Lula à multidão que acompanhava o ato no interior da Paraíba.

A ex-presidente Dilma Rousseff aproveitou o palanque para responder ao ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco, que nessa semana disse ao colunista Lauro Jardim que “em seis anos, Dilma não conseguiu entregar as obras de transposição do Rio São Francisco. Nós entregamos em seis meses”.

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“CARA DE PAU”

— Esse país assistiu a mais uma mentira recentemente. Veja a cara de pau de dizer que uma obra de transposição como esta poderia ser resolvida em seis meses. A cara de pau é a mesma da mentira do meu impeachment. Essa é uma obra que estava praticamente concluída quando eu saí do governo — disse Dilma.

Lula, Dilma e Moreira figuram entre os políticos que são alvo de pedido de investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) com base nos depoimentos de ex-executivos da Odebrecht.

Na inauguração oficial, o presidente Michel Temer ressaltou que a transposição não tinha paternidade política, numa tentativa de reduzir as críticas de petistas que viram no ato a apropriação indevida de uma obra que foi gestada nos governos do PT.

— Esta obra, se pudermos falar em paternidade dela, devemos dizer que a paternidade é do povo brasileiro — disse o presidente à época.

Lula, porém, reivindicou a paternidade da obra para si e seus aliados.

— Dilma e eu, Ricardo (Coutinho, governador da Paraíba) e outros governadores temos o orgulho de dizer que somos pai, mãe, irmão, tio, primo e sobrinho da transposição das águas do Rio São Francisco — discursou Lula.

O globo, n.30541 , 20/03/2017. País, p.6