Título: Avanço do Brasil será o terceiro pior da AL
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 22/12/2011, Economia, p. 14

Cepal estima alta de 2,9% para o país em 2011, acima apenas de Cuba e de El Salvador. Em 2012, o salto será de 3,5%

Enquanto o governo brasileiro esbanja otimismo, alardeando que o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá até 5% em 2012, a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), tratou de jogar um balde de água fria nas previsões alardeadas pela presidente Dilma Rousseff. Nas contas da instituição, o avanço será bem mais moderado: 3,5%, índice inferior aos 3,7% previstos para toda a região.

Pior, segundo a Cepal, será o desempenho da economia neste ano. O PIB aumentará apenas 2,9%, desempenho superior apenas ao projetado para Cuba (2,5%) e para El Salvador (1,4%). Segundo a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, o PIB brasileiro ficará atrás, inclusive do Haiti, país devastado por um terremoto, que terá incremento de 4,5%. Na média, os 33 países da América Latina e do Caribe crescerão 4,3%, índice revisto para baixo, devido ao impacto da crise mundial na economia da região. A projeção anterior era de 4,7%.

"O agravamento da crise na Europa e o aumento da insegurança e da instabilidade dos mercados, além dos temores de redução na oferta de crédito dos bancos europeus, responsáveis pelo financiamento da economia em geral, contribuíram para a revisão das estimativas para o PIB", afirmou o diretor do escritório da Cepal no Brasil, Carlos Mussi. Em 2010, a América Latina e o Caribe cresceram 5,9%. A economia brasileira, por sua vez, deu um salto de 7,5%, o melhor resultado em 24 anos, graças aos estímulos dados pelo governo do presidente Lula para eleger Dilma Rousseff.

Força da China O quadro desenhado pela Cepal para a América Latina e Caribe considera que a economia mundial crescerá apenas 2,8% neste ano e 2,6% em 2012. Já as economias em desenvolvimento avançarão 6,1% e 5,5%, respectivamente. A China, particularmente, deverá dar um salto de 9,1% neste ano e de 8,5% em 2012, o que, para o Brasil, é uma boa notícia. Como já ressaltou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, a recuperação da economia do país no ano que vem depende de um incremento do PIB chinês de pelo menos 8%. Já as nações da Zona do Euro deverão ter alta de 1,5% em 2011 e de mero 0,4% ano que vem, caracterizando recessão.

Na avaliação de Alicia Bárcena, ainda é cedo para avaliar os impactos das medidas adotadas pelo governo brasileiro nas últimas semanas, de corte de impostos e incentivos ao crédito, sobre a produção e consumo. "Vamos esperar", disse ao Correio. Ele lembrou que o aumento de mais de 14% no salário mínimo em 2012 será positivo para a demanda. "Mas acredito que o maior desafio para o Brasil em 2012 será recuperar o crescimento de antes, mantendo a inflação dentro das metas (de 4,5%)", afirmou.

Abaixo da média (Em %)

O Brasil deverá crescer menos do que a média prevista para a América Latina no ano que vem

Haiti - 8,0 Panamá - 6,5 Peru - 5,0 Equador - 5,0 Argentina - 4,8 Rep. Dominicana - 4,5 Colômbia - 4,5 Bolívia - 4,5 Chile - 4,2 Uruguai - 4,0 Paraguai - 4,0 América Latina e Caribe - 3,7 Nicarágua - 3,5 Costa Rica - 3,5 Brasil - 3,5 México - 3,3 Venezuela - 3,0 Honduras - 3,0 Guatemala - 3,0 Cuba - 2,5 El Salvador - 2,0 Caribe - 1,7

Fonte: Cepal