Benjamin convoca novos delatores para depor em processo no TSE

Luísa Martins, André Ramalho e Rafael Rosas

03/03/2017

 

 

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin, relator do processo que investiga irregularidades na campanha de Dilma e Temer, convocou mais dois delatores da Odebrecht. Serão ouvidos, em data e local ainda indefinidos, os ex-executivos Hilberto Mascarenhas da Silva Filho e Luiz Eduardo da Rocha Soares.

Com esta convocação, já são sete colaboradores da empreiteira que prestarão depoimento no âmbito da ação no TSE. Marcelo Odebrecht foi ouvido na quarta-feira, em Curitiba. Está marcada para segunda-feira, em Brasília, os testemunhos de Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Ramos Alencar.

A decisão de ouvir os delatores foi autorizada pelo relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, e teve manifestação favorável do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Ontem, o ex-presidente da construtora Odebrecht Benedito Júnior e o ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Reis foram ouvidos por Herman Benjamin no Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro (TRF-RJ). Benedito é apontado nas investigações como o suposto chefe do "Departamento de Operações Estruturadas", a divisão da empresa que cuidaria de pagamento de propina a autoridades no Brasil e no exterior. As defesas de Dilma e Temer acompanharam os depoimentos.

Segundo o advogado que representa Temer, Gustavo Guedes, o presidente está "muito tranquilo" com o curso do processo. Questionado sobre as informações prestadas por Marcelo Odebrecht, na quarta-feira, Guedes reiterou a nota emitida ontem pelo Palácio do Planalto. "O Palácio já solicitou uma nota deixando claro que o depoimento do Marcelo Odebrecht correspondia àquilo que ele já havia falado anteriormente. Não há nada a acrescentar", afirmou.

Guedes preferiu não comentar o conteúdo dos depoimentos, alegando sigilo do processo. Mesma postura foi adotada pelo advogado de Dilma, Flávio Caetano, que disse não ver "razão nenhuma" para que o processo continue. "O Tribunal já reconheceu que nossas contas foram regulares, que não houve fraudes. A perícia tem mostrado que, se houve irregularidade, é uma parcela muito ínfima, não chega a 0,01% do que foi gasto na campanha. Não se pode cassar presidente e vice por 0,01%", disse o advogado, a jornalistas.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4206, 03/03/2017. Política, p. A8.