Padilha mantém silêncio no retorno ao trabalho

Bruno Peres e Marcelo RIbeiro

14/03/2017

 

 

Um dos principais auxiliares do presidente Michel Temer, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, procurou demonstrar firmeza e contar com apoio político no cargo após passar vinte dias afastado para tratamento de saúde, período que coincidiu com o agravamento da crise política provocada por acusações envolvendo-o em denúncias na Operação Lava-Jato. Padilha manteve silêncio sobre as denúncias e se concentrou na retomada das articulações para a aprovação da agenda de reformas proposta pelo governo.

Em uma das breves manifestações públicas, em conversas com jornalistas, Padilha afirmou que "em time que está ganhando não se mexe". Pelos critérios fixados pelo presidente Michel Temer, ministro envolvido em delações no âmbito da Operação Lava-Jato será afastado definitivamente caso se torne réu.

Padilha evitou comentar o depoimento do ex-assessor da Presidência José Yunes à Procuradoria-Geral da República (PGR) envolvendo-o em recebimento de recursos da Odebrecht, investigada na Operação Lava-Jato.

"Não vou falar sobre o que não existe, está tudo baseado em um delator", disse. Padilha direcionou sua rápida manifestação ao esforço do governo pela aprovação da Reforma da Previdência e ao trabalho de sua equipe. "Nós temos a memória da Previdência", disse Padilha.

Aos demais ministros do chamado núcleo duro do Palácio do Planalto, Padilha afirmou que se apressou para voltar de licença de saúde por querer participar ativamente das articulações da agenda do governo no Congresso. "Os médicos recomendaram mais tempo de licença, mas Padilha não quis. Além de não querer perder espaço dentro do governo, o ministro acredita ter potencial para ajudar Temer a emplacar as reformas no Congresso", relatou um auxiliar presidencial.

Padilha recebeu apoio do presidente Michel Temer e de aliados do governo no Congresso em seu retorno às atividades à frente da Casa Civil. "O presidente me deu a coordenação do grupo de trabalho da reforma da Previdência e da reforma trabalhista, e eu continua à frente desse grupo", afirmou, acrescentando que se recupera bem do tratamento de saúde a que se submeteu.

"Padilha goza de nossa confiança", afirmou o líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE). "Padilha é um porto seguro. Trata da questão política, mas também sob o aspecto técnico", completou o líder governista, em referência à articulação pela aprovação da revisão das regras previdenciárias.

Um dos presentes à reunião coordenada ontem pelo ministro da Casa Civil para nivelar o discurso governamental de convencimento da necessidade de aprovar a proposta apresentada ao Congresso, o líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), afirmou que o avanço das investigações no âmbito da Operação Lava-Jato não pode paralisar o Congresso.

O secretário de Previdência Social, Marcelo Caetano, endossou o apelo para que a proposta seja aprovada nos termos apresentado pelo Palácio do Planalto. "Respeitamos o Congresso, mas essa reforma é necessária", disse.

Pela manhã, Padilha acompanhou reunião de Temer com ministros ligados à segurança pública e vigilância nas fronteiras.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4213, 14/03/2017. Política, p. A7.