Justiça manda soltar mais três presos da Operação Carne Fraca

Katna Baran 

Gabriela Valente

27/03/2017

 

 

Governo vai editar decreto para endurecer regras de fiscalização

Os três últimos presos temporários da Operação Carne Fraca foram soltos pela Polícia Federal (PF) no fim da tarde de ontem. São eles: o advogado Rafael Nojiri Gonçalves — filho de Daniel Gonçalves Filho, ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Paraná, apontado como líder do esquema —, e os fiscais Antônio Garcez da Luz e Brandízio Dario Júnior. Eles estavam presos há quase dez dias na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, no Paraná.

Os alvarás de soltura foram expedidos por determinação do juiz federal Marcos Josegrei da Silva, responsável pela ação. No despacho, o magistrado considerou a manifestação da própria PF, que, por meio do delegado Maurício Moscardi Grillo, responsável pelas investigações, não se opôs a soltura dos três, justificando que “as diligências preliminares que justificavam a medida de prisão temporária dos investigados estão cessadas”.

“Observa-se, contudo, que inúmeras provas estão sendo processadas com a abertura dos malotes arrecadados com a deflagração da Operação Carne Fraca e eventuais outras medidas poderão ser representadas ao juízo brevemente”, conclui o documento assinado por Moscardi.

Na deflagração da operação, no último dia 17, 11 foram alvos de mandados de prisão temporária (com duração de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco) e outras 25 de prisão preventiva (sem prazo). Apenas um dos alvos das preventivas não foi encontrado: o empresário paranaense Nilson Alves Ribeiro, que está na Itália. Por determinação do juiz, o nome dele foi incluído na lista da difusão vermelha da Interpol.

No último dia 21, a PF havia pedido a prorrogação das prisões de todos os temporários, mas a Justiça só manteve a dos três que, até a data de vencimento do prazo, ainda não haviam sido ouvidos pelos investigadores. Os outros oito presos temporários deixaram a prisão no dia 22.

Os outros 25 presos preventivos da Carne Fraca estão custodiados em presídios de Piraquara e Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, e na Superintendência da PF, na capital.

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FISCALIZAÇÃO MAIS DURA

Na tentativa de reverter os danos para a imagem do Brasil no exterior, o presidente Michel Temer editará um decreto para nos próximos dias para endurecer as regras de fiscalização e penalização a fiscais sanitários envolvidos em fraudes e corrupção. Para isso, o governo decidiu atualizar o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Rispoa), decreto da década de 1950.

O decreto deve sair antes da visita do comissário europeu da Agricultura, Phil Hogan. Ele já tinha a participação num evento em Brasília confirmada antes de a Polícia Federal estourar a Operação Carne Fraca.

Além das negociações internacionais, o governo decidiu fazer campanhas publicitárias para esclarecer que o trabalho dos policiais foi relacionado à corrupção e não ao processo de fiscalização sanitária.

No último sábado, a Suíça ampliou a proibição de importação de carne de quatro para 21 unidades processamento brasileiras, como parte de medidas de segurança em toda a Europa.

O globo, n.30548 , 27/03/2017. Economia, p.16