TCE tinha revelado prejuízo de R$ 2,3 bi na obra

Chico Otávio

19/03/2017

 

 

Relatório do tribunal foi revelado pelo Globo e já citava Julio Lopes
 

O ex-secretário de Transportes teria recebido propina da Odebrecht, revela Em agosto do ano passado, O GLOBO revelou o teor de auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) que mostrava desvios de recursos destinados às obras da Linha 4 do metrô, com um prejuízo aos cofres públicos estimado em R$ 2,3 bilhões.

A auditoria governamental ordinária, feita entre julho e dezembro de 2015, citava entre as autoridades o nome de Julio Lopes. No relatório, os auditores alertam para a gravidade dos problemas encontrados, como “afronta ao dever de licitar, bem como irregularidades que culminaram em superfaturamento e sobrepreços”.

A análise compreende despesas de R$ 8,4 bilhões, contratadas até dezembro de 2015. Do total do prejuízo apurado, a auditoria estimou que R$ 1,193 bilhão foi gasto com itens cotados a preços acima de mercado. Também foi constatado que outros R$ 837,6 milhões se referem a serviços cujas medições estavam em desconformidade com o contrato.

O relatório apontou que os responsáveis pelas obras lançavam nas medições quantidades superiores para os trechos que estavam sendo efetivamente executados, onerando os custos em R$ 296,6 milhões.

A participação do estado na obra, revelou a auditoria, praticamente dobrou desde que o contrato original foi firmado em 1998. Na época, o governo tinha obrigação de arcar com 45% (R$ 392 milhões) dos gastos, contra 55% da concessionária (R$ 487 milhões). Doze anos depois, o governo passou a responder por 87%, e a iniciativa privada, por apenas 13%. Também foram encontradas irregularidades nos quatro termos aditivos feitos pelo estado, que extrapolaram em 25%, vedado pela Lei de Licitações.

A obra também aparece nas investigações sobre o pagamento de propina para o ex-governador Sérgio Cabral. Como um das formas usadas pelos gestores públicos para lavar o dinheiro era o uso de empresas de consultorias, que recebiam dinheiro de subempreiteiras, os investigadores estão agora rastreando essas firmas. (Chico Otávio)

O globo, n.30540 , 19/03/2017. País, p. 4