Título: Foz do Iguaçu e Ouro Preto recuperadas
Autor: Melo, Max Milliano
Fonte: Correio Braziliense, 04/01/2012, Ciência, p. 18

Pelo menos duas vezes o Brasil chegou perto de perder o reconhecimento de algum de seus patrimônios mundiais. No grupo de bens ambientais, o Parque Nacional do Iguaçu, com suas célebres cataratas, fez parte da lista dos ameaçados entre 1999 e 2001. O abandono institucional, a exploração turística descontrolada e, principalmente, a construção de uma trilha no interior do parque foram os motivos que levaram à medida. A solução encontrada foi aliar a preservação promovida pelo poder público com a organização e a otimização do turismo capitaneado pelo poder privado.

Enquanto a preservação do meio ambiente permanece nas mãos do Instituto Nacional de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente, as visitas do público passaram a ser organizadas por uma empresa por meio de concessão. "Quando chegamos aqui em 1999, não havia qualquer organização, as cataratas estavam abandonadas.

Não tinha sistema de controle da entrada de pessoas, carros podiam entrar e sair do parque, churrascos eram feitos em seu interior", enumera Juliane Poitevin, gerente de marketing da Cataratas do Iguaçu S/A.

A iniciativa que tirou as cataratas da lista dos ameaçados está sendo aplicada em outros pontos do país, como a Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, e o Arquipélago de Fernando de Noronha, também considerado patrimônio mundial.

Plano diretor Situação parecida, contudo mais branda, aconteceu em Ouro Preto (MG), primeiro local no Brasil a ser considerado patrimônio da humanidade. Em 2003, a ausência de um plano diretor, lei que orienta a sua expansão, trouxe ao país uma comissão da Unesco. A vinda ajudou a acelerar a aprovação de um novo plano para o município, e o caso não passou para a esfera do Comitê do Patrimônio Mundial. Assim, Ouro Preto não chegou a entrar na lista de ameaçados. "A cidade estava abandonada, não tinha legislação nem políticas de proteção do patrimônio. A criação do plano, para promover a valorização e a promoção da área histórica evitou uma situação pior", explica o atual prefeito da cidade, Angelo Oswaldo, ex-presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). (MMM)