Executivo relata repasse a José Serra

Gustavo Schimitt

14/04/2017

 

 

Dinheiro teria saído de contratos para obras de extensão do metrô de SP

O ex-executivo da Odebrecht Fabio Gandolfo, que foi diretor de contrato das obras de extensão da linha 2 do metrô de São Paulo, relatou em sua delação premiada um repasse de R$ 4,6 milhões ao senador José Serra (PSDB-SP) em 2004 — quando o tucano se elegeu prefeito. A afirmação foi feita em depoimento à Procuradoria Geral da República durante o processo de investigação da Lava-Jato.

Segundo o delator, o acordo firmado com o então candidato previa repasse de percentual que variava de 0,5% até o teto de 4% do contrato do metrô. Gandolfo afirmou que o pagamento foi feito para o apelido “Careca”.

“Quando começou o contrato da linha 2, o Romildo José dos Santos (então funcionário da Odebrecht na capital paulista) veio dizendo que tinha um compromisso da empresa com uma determinada pessoa e que a gente deveria pagar 3%. Mas não seriam pagamentos regulares, mensais. Seriam pedidos à medida que fossem necessários. Foi dado o codinome a essa pessoa de ‘Careca’. Com o tempo, eu descobri que esse não era o codinome usual para essa pessoa dentro da empresa. Que o codinome era ‘Vizinho.’ Isto porque ele morava perto do Pedro Novis (diretor-presidente da empreiteira na época). Foi-me dito depois que era o José Serra”, disse Gandolfo, que acrescentou: “Para o vizinho eu detectei um pagamento de R$ 4,6 milhões”.

O GLOBO não teve resposta de Serra. O senador tem negado envolvimento em irregularidades.

Gandolfo também relatou que a empreiteira repassava 0,9% de propina para Luiz Carlos Ferreira, um intermediário do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. (Gustavo Schimitt)

O globo, n.30566 , 14/04/2017. País, p. 5