O peemedebista, um dos aliados que marcharam ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) até o fim do processo de impeachment, disse que a visita serviu apenas para “dar um alô” a Dirceu e garantiu que não se falou sobre o projeto na conversa. O texto provocou polêmica ao abrir uma brecha para a punição de juízes por diferenças de interpretação. Segundo Requião, o encontro não durou mais de dez minutos.

— O que tem uma coisa com a outra? Ele (Dirceu) está segregado do mundo, não pode falar com ninguém? — questionou, ao ser perguntado se via algum problema em visitar os petistas sendo relator do projeto do abuso.

Juízes e procuradores afirmam que, se aprovada, a lei de abuso de autoridade pode vir a limitar a atuação deles e inviabilizar investigações do porte da Operação Lava-Jato. O senador disse ver “algum” abuso na forma como se deu a prisão dos dois petistas, mas reconheceu nunca ter se debruçado sobre o caso concreto de Dirceu ou Vaccari.

— Teve algum (abuso), mas nunca examinei pessoalmente o caso deles. Mas vejo abusos por todos os lados — ressaltou o senador.

“VISITA DE SOLIDARIEDADE”

Requião contou que, como advogado, tem facilidade para entrar em presídios e que a visita ao Complexo Médico Penal de Pinhais ocorreu a pedido do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que queria visitar os petistas. Lindbergh disse que o encontro não durou mais que meia-hora e que foi apenas uma visita de cortesia.

— Foi uma visita de solidariedade — disse o petista.

Requião aproveitou para elogiar a saúde do ex-ministro e do ex-tesoureiro do PT.

— Fui dar um alô para o Dirceu. Ele está ótimo, magro. Os dois estão muito bem — afirmou o senador. (Letícia Fernandes)

O globo, n. 30566, 14/04/2017. País, p. 6