Juliana Castro
08/04/2017
Sem acesso às investigações, Marianna tem tomado conhecimento de tudo apenas pela imprensa. De perfil reservado e técnico, tem sido ainda mais cautelosa: não se autointitula presidente interina nos comunicados do tribunal de jeito nenhum, embora seja essa sua função. Na última terça-feira, ela comandou a primeira sessão do TCE-RJ desde as prisões. Mas, sem saber qual será o futuro e para evitar qualquer acusação de oportunismo, mudou o encontro para um outro plenário que não o habitual. Ela não queria sentar na cadeira do presidente e nem que os conselheiros substitutos — escolhidos entre técnicos do tribunal — se sentassem nos lugares dos titulares presos. Ontem, o Superior Tribunal de Justiça determinou a soltura dos conselheiros, que, no entanto, foram afastados por seis meses.
O plenário escolhido por Marianna na terça-feira era menor e ficou lotado, pela imprensa e por muitos funcionários do tribunal, curiosos para saber se haveria algum tipo de pronunciamento dela. Durante uma hora e meia de duração das duas sessões do dia, a conselheira não teceu nenhum comentário sobre a situação surreal atravessada pelo TCE-RJ. A discrição desses últimos dias foi sempre sua companheira no longo caminho até tornar-se a primeira mulher a ocupar o cargo de conselheira da corte desde a redemocratização. Marianna está no TCE-RJ desde dezembro de 2006, quando ingressou no Ministério Público que atua junto ao tribunal. Antes, já tinha sido procuradora do estado. Foi depois do concurso para entrar no tribunal, para o qual ela passou em segundo lugar, que conheceu o marido, Flávio Willeman, também procurador. A conselheira é filha do presidente do Tribunal de Contas do Município do Rio (TCM-RJ), Thiers Montebello.
Conselheira evita sentar na cadeira do presidente do tribunal e não faz comentários sobre a prisão dos colegas