Empreiteira teria ajudado filho de ex-presidente

Gustavo Schimitti

Dimitrius Dantas

13/04/2017

 

 

Segundo ex-executivo da Odebrecht, Lula pediu apoio para Luís Cláudio criar liga nacional de futebol americano

O ex-executivo Alexandrino Alencar contou em sua delação premiada que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a Odebrecht para ajudar seu filho Luís Cláudio a criar uma liga nacional de futebol americano. Alexandrino disse que a empreiteira pagou R$ 630 mil, ao longo de dois anos, a uma empresa de marketing que assessorou o projeto “Touchdown”, idealizado pelo filho de Lula.

O ex-diretor afirmou que o pedido de ajuda a Luís Cláudio foi feito pelo ex-presidente a Emílio Odebrecht, já que a empresa se queixava de dificuldades na interlocução com a expresidente Dilma Rousseff. A ajuda ao filho de Lula seria uma contrapartida. O delator relatou que chegou a participar de uma reunião no Instituto Lula, na qual o ex-presidente o apresentou a Luís Cláudio.

— Ele (Lula) queria que a gente fizesse um coaching com o rapaz (Luís Cláudio). Eu fui encarregado disso. Percebi que precisava de assessoria jurídica, contábil e de marketing e busquei os três apoios.

Segundo o delator, o combinado era que o filho de Lula teria apoio por dois anos para depois “voar sozinho”. Contudo, o projeto se arrastava.

— O compromisso com o presidente foi de dois anos. Só que ele se atrapalhava. Acabamos ficando mais um ano. Soube faz pouco que ele desistiu do projeto.

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MESADA PARA FREI CHICO

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o diretor do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas, disse que a empreiteira fez pagamentos mensais de R$ 5 mil a Frei Chico, irmão do expresidente Lula. Os pagamentos serão investigados pela força-tarefa em Curitiba por decisão do ministro Edson Fachin.

— Sei que tinha um pagamento, mas que não era debitado a ele (Lula), mas feito a um irmão dele. Era feito mensalmente pela Odebrecht de R$ 5 mil.

O globo, n.30565 , 13/04/2017. País, p. 7