21/04/2017
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, de mentir em seu depoimento ao juiz Sérgio Moro apenas para ter seu acordo de colaboração premiada aceito pelo Ministério Público Federal (MPF). O Instituto Lula corroborou as acusações da defesa do ex-presidente afirmando que os procuradores exigiram que Pinheiro incriminasse o ex-presidente.
“Ele (Pinheiro) foi claramente incumbido de criar uma narrativa que sustentasse ser Lula o proprietário do chamado tríplex do Guarujá. É a palavra dele contra o depoimento de 73 testemunhas, inclusive funcionários da OAS, negando ser Lula o dono do imóvel”, afirmou, em nota, Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente.
O Instituto Lula informou que o depoimento do empresário é desprovido de provas e faz ilações sobre supostos acontecimentos de três anos atrás “que jamais ocorreram, e feito por alguém que busca benefícios penais”.
De acordo com Zanin Martins, Pinheiro também “fabricou” o diálogo em que Lula teria dado a orientação para a destruição de provas sobre contribuições de campanha. O advogado afirmou que a suposta conversa não foi presenciada por ninguém, e que o próprio Léo Pinheiro teria reconhecido que esse assunto não era objeto das conversas que mantinha com o ex-presidente Lula.
Anteontem, a defesa de Lula, em entrevista coletiva, apresentou documentos protocolados pela própria OAS em seu processo de recuperação judicial e outros documentos assinados por Léo Pinheiro, que davam o tríplex como garantia da OAS em operações financeiras.
“Em 2013, o próprio Léo Pinheiro assinou documento para essa finalidade”, diz o comunicado da defesa.
Na nota distribuída ontem, a defesa afirmou que Léo Pinheiro negou ter entregue as chaves do apartamento a Lula ou aos seus familiares ou que o tríplex tivesse sido usado pelo ex-presidente.
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“VOU GUARDAR O QUE PENSO”
O depoimento de Léo Pinheiro foi o primeiro dos réus da ação que investiga a propriedade de um tríplex no Guarujá, atribuída ao ex-presidente Lula. O petista será o último a ser ouvido, no dia 3 de maio, quando estará frente a frente com Sérgio Moro.
Em entrevista a uma rádio de Sergipe, transmitida pelas redes sociais, Lula prometeu “dizer o que pensa” a Moro a respeito das acusações contra ele nas investigações da Lava-Jato. Na entrevista, Lula voltou a negar as acusações e afirmou que a Operação Lava-Jato está “subordinada à pirotecnia da imprensa e do Ministério Público”.
— Não quero falar muito sobre isso (Lava-Jato) porque tenho depoimento dia 3. Se tiver que falar, vou falar lá. Vou guardar tudo o que penso para dizer no dia 3 — disse Lula, emendando: — Não tenho que provar minha inocência, eles é que têm que provar a minha culpa.