Ação contra Cabral e Adriana chega perto do fim

Gustavo Schimitt 

04/04/2017

 

 

Em processo sobre lavagem de dinheiro e corrupção, casal será interrogado por Sérgio Moro no próximo dia 27

-SÃO PAULO- No próximo dia 27, o ex-governador Sérgio Cabral e sua mulher, Adriana Ancelmo, também ré na ação, estarão frente a frente com o juiz Sérgio Moro, em Curitiba, para um interrogatório. Eles são acusados de corrupção e lavagem de dinheiro. O Ministério Público Federal (MPF) afirma que Cabral recebeu propina da Andrade Gutierrez nas obras de terraplanagem do Comperj, em Itaboraí.

Após o interrogatório, a defesa de Cabral e o MPF — a quem cabe a acusação — farão um embate final apresentando as chamadas “alegações finais”. Isso significa que os advogados e os investigadores terão um prazo para justificar as razões que deveriam levar Moro a condenar ou absolver os acusados. Réu na Lava-Jato por seis vezes, Cabral pode ser condenado pela primeira vez.

Outros réus nessa mesma ação como Carlos Miranda, o Carlinhos, apontado pela LavaJato como operador de propina de Cabral; Wilson Carlos, ex-secretário de Governo (ambos presos); e sua mulher, Mônica Carvalho, também foram intimados para o interrogatório com Moro. Eles terão que comparecer pessoalmente. Nesta quinta-feira, o governador Luiz Fernando Pezão prestará depoimento a Moro como testemunha de defesa de Cabral, encerrando a etapa das testemunhas.

No processo, Moro ouviu ex-executivos da empreiteira que firmaram acordo de delação premiada, como o ex-presidente da Andrade Gutierrez Rogério Nora e o ex-executivo Clóvis Renato Peixoto Primo. No dia 7 de março, Nora e Primo confirmaram pagamento de propina de R$ 2, 7 milhões a Cabral. Num desses encontros, na sede do governo, os delatores relataram a Moro que Cabral cobrou propina para as obras do Comperj e pediu que procurassem o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Moro também ouviu funcionários que trabalhavam para a família de Cabral e no escritório de Adriana. Michele Thomaz Pinto, ex-secretária de Adriana, confirmou que Luiz Carlos Bezerra, apontado como operador do esquema, levava semanalmente entre R$ 200 mil e R$ 300 mil em espécie ao escritório de advocacia Ancelmo Advogados.

 

O globo, n. 30556, 04/04/2017. País, p. 5