Superlobista que seria ligado a Serra atuou no metrô

Cleide Carvalho

19/04/2017

 

 

José Amaro Pinto Ramos é apontado por delatores da Lava-Jato como intermediário de repasses na Suíça; tucano nega

 

 

Apontado por delatores da Odebrecht como intermediário de valores depositados em contas na Suíça em nome do senador José Serra (PSDB-SP) — que voltou a negar ontem ter recebido vantagem indevida da Odebrecht —, o lobista José Amaro Pinto Ramos já é velho conhecido em esquemas de fraude no metrô de São Paulo. Amaro foi citado nas investigações da empresa, mas não chegou a ser indiciado ou denunciado. Chegou ainda a ser acusado de formação de quadrilha e falsidade ideológica. O nome dele apareceu nos documentos enviados ao Brasil pelo Ministério Público da Confederação Suíça (MPC), que pediram o depoimento de Ramos. A solicitação para que ele fosse chamado a depor foi, segundo investigadores, esquecida numa gaveta do Ministério Público Federal de São Paulo.

Em meados dos anos 2000, o MPC enviou ao Brasil um fluxograma de transferências de recursos suspeitos relacionados a obras do metrô paulista. Na cabeça do repasse de dinheiro estava a Hexagon Technical Company, representada por Ramos.

Segundo o documento, entre 1997 e 2000, a Hexagon pagou cerca de US$ 1,5 milhão ao consultor José Fagali Neto, irmão de José Jorge Fagali, ex-presidente do metrô paulista. José Fagali Neto teve US$ 6,5 milhões bloqueados na Justiça Suíça.

De acordo com Alvaro Luiz Fleury Malheiros, advogado de Ramos, nada foi provado contra seu cliente no Brasil e na Suíça. Ele mostra um documento da Justiça suíça informando um “nada consta”. Em nota, Serra afirma que “jamais recebeu vantagens indevidas da Odebrecht (...) e nunca tomou medidas que tenham favorecido a Odebrecht”.

Numa segunda comunicação espontânea enviada ao Brasil em 2009, o MP Suíço afirmava que a Hexagon firmou contrato de consultoria com a Alstom, em dezembro de 1981, referente à usina de Candiota. Segundo um documento do MP-SP, “o contrato foi repetidamente prolongado até o fim dos anos 1990”.

O globo, n.30571 , 19/04/2017. País, p.5