A reforma da Previdência é básica na montagem da equação que levará o país a ter mais serenidade

Geroge Vidor

17/04/2017

 

 

 

FUNDAMENTAL

O país precisará de mais serenidade para que os resultados das eleições gerais de outubro-novembro do ano que vem sejam recheados de pessoas mais equilibradas, probas e capacitadas a governar o Brasil usando o bom senso. Esse ambiente de mais serenidade na política dependerá também da recuperação da economia. Não se pode exigir que os eleitores estejam serenos com a qualidade de vida piorando. Em ambiente convulsionado, prosperam os candidatos messiânicos, salvadores da pátria, demagogos, oportunistas, que dividem em vez de agregar. E nada mais terrível para uma nação do que uma sociedade empatada, que não sai do lugar:

A serenidade almejada talvez já esteja se formando, por incrível que isso possa parecer diante da extensa lista de políticos que estão sob investigação. Está prevista para hoje a apresentação do substitutivo preparado pelo relator da reforma da Previdência, com alterações em relação ao texto original enviado pelo governo. Algumas dessas alterações significam recuos diante de pressões corporativas. Policiais civis e professores continuarão se aposentando mais cedo que as demais categmias. As mulheres poderão contlibuir por menos tempo, assim como trabalhadores rurais. No entcmto, a reforma, ainda que remendada, incorporará avanços importantes, e o principal é a idade mínima para requerer a aposentadoria, com uma regra de transição aos que já passaram do meio do caminho pelos critérios atualmente em vigor.

É a reforma definitiva? A experiência mostra que não se consegue avançar nesse campo de uma vez só. A reforma é protelada sempre que as condições econômicas permitem que se possa empurrá-la com a barriga por mais algum tempo. Mas, agora, não dá mais. As finanças públicas se desequilibraram fortemente, e, para tapar o rombo, a dívida do Tesouro entrou em trajetória explosiva.

A economia brasileira somente voltará a ganhar impulso quando esse quadro estiver equacionado. E a montagem da equação depende fundamentalmente, agora, da reforma da Previdência, nas mãos de um Congresso desgastado e desmoralizado perante a opinião pública. Se tiver um mínimo de altivez, o Congresso aprovará a reforma da qual o país precisa.

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O globo, n.30569 , 17/04/2017. Economia, p. 18