Título: Mercosul aumenta impostos
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Fonte: Correio Braziliense, 21/12/2011, Economia, p. 13

Integrantes do bloco econômico ampliam em até 100 produtos a lista de importados que terão a tarifa elevada para 35%

Montevidéu — Em um dia marcado pela morte de um integrante do governo argentino (leia matéria ao lado), os presidentes dos países que integram o Mercosul — Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai — aprovaram uma lista adicional com até 100 produtos que poderão ser taxados com a Tarifa Externa Comum (TEC) mais elevada, de 35%. O mecanismo é permitido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), conforme destacou a presidente Dilma Rousseff, em discurso. De acordo com técnicos da delegação brasileira, a lista começará a vigorar já em 2012, com validade até 2014.

Apesar das alegações em contrário da presidente Dilma, os especialistas consideraram a decisão do Mercosul protecionista, um caminho perigoso que vem sendo trilhado, sobretudo pela Argentina e pelo Brasil. No entender da secretária de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Tatiana Prazeres, a lista deve ser vista como um "poder de manobra" dos países do bloco para lidar com a atual crise internacional. Muitos países atolados em recessão estão desviando produtos para os mercados que ainda se mantêm aquecidos, com o brasileiro. Além disso, há o risco de entrada de produtos de países como a China, que manipulam as suas moedas. "Não se pode facilitar, pois o risco de invasão de mercadorias é grande", assinalou.

A secretária destacou que cada país poderá apresentar sua lista com até 200 posições tarifárias e os sócios terão 15 dias para avaliar as sugestões e dizerem se aceitam ou não. Ela destacou que foi criado um mecanismo, por meio do qual se poderá tomar decisões imediatas, com o intuito de se proteger determinados setores de importações consideradas prejudiciais à indústria local. Hoje, a tarifa de importação média aplicada para produtos de países de fora do Mercosul é de 13%. O governo brasileiro acredita que, com a alíquota de 35%, as importações diminuirão e a indústria nacional, que está patinando neste ano, conseguirá recuperar o fôlego.

Acordo com a Palestina

O Mercosul assinou ontem um acordo de livre comércio com a Palestina. O tratado, segundo o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, equilibra as relações econômicas do bloco sul-americano com o Oriente Médio, já que, no primeiro semestre, um acordo semelhante havia sido firmado com Israel. O acerto permite que mercadorias produzidas por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai entrem no território palestino com tarifas de importação reduzidas. O mesmo acontecerá com os produtos palestinos que forem exportados para o Mercosul. Para o Brasil, conforme o ministro, o acordo pode representar negócios de US$ 200 milhões por ano.