Após 22 meses de queda, País criou 35 mil vagas de trabalho em fevereiro

Anne Warth / Fernando Nakagawa / André Ítalo Rocha

17/03/2017

 

 

Nível. Anúncio da geração de empregos foi feito, pela primeira vez, pelo presidente da República, dentro do esforço do governo para ter notícias positivas; mas, para analistas, número ainda não pode ser considerado uma retomada sustentável da criação de vagas

 

 

 

O País voltou a gerar empregos em fevereiro, depois de 22 meses de fechamento de postos de trabalho com carteira assinada. O saldo líquido ficou positivo em 35.612 vagas, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

Pela primeira vez na história, o anúncio foi feito pelo presidente da República, em cerimônia no Palácio do Planalto. Foi mais um esforço do governo de Michel Temer para emplacar notícias positivas, em meio à expectativa de abertura de investigações sobre políticos citados na Lava Jato, entre eles seis ministros.

“Venho dar aqui, penso eu, boas novas. Vocês sabem que a economia volta a crescer, e os sinais desse fato são cada dia mais claros”, afirmou Temer. “É importante dar essa notícia, porque penso que 35 mil brasileiros têm no emprego uma possibilidade de vida digna.”

A última vez em que houve saldo líquido de geração de empregos foi em março de 2015, quando 9.179 vagas foram abertas. Para meses de fevereiro, esse é o primeiro resultado positivo desde 2014.

Para o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, isso representa a reversão de uma tendência negativa. A expectativa do governo, disse, é que a geração de postos de trabalho ocorra também em março e abril. “Estamos acreditando que é uma retomada, uma inversão da curva, e podemos comemorar. Estamos convictos de que, a partir de agora, vamos sempre ter dados positivos para apresentar.”

Para analistas, no entanto, o resultado de fevereiro ainda não representa a retomada do mercado de trabalho. “Provavelmente, em março devemos voltar a ter um número negativo, devolvendo uma parte do resultado de fevereiro. De forma sustentada, acredito que a geração de empregos ocorra a partir de abril”, disse o economista Luiz Castelli, da GO Associados.

“O resultado de fevereiro mostra uma melhora, mas uma melhora limitada”, disse Thiago Xavier, da Tendências Consultoria. Mesmo assim, segundo ele, o número reforça a visão de que o ciclo de ajustes no mercado de trabalho perde força.

Conforme as previsões da Tendências, as contratações devem ganhar velocidade no segundo semestre. A expectativa da consultoria é que 600 mil vagas sejam criadas no ano.

Temer reconheceu que o número ainda está distante de recuperar os empregos perdidos durante a recessão econômica. Em janeiro, o número de desempregados atingiu 12,9 milhões de desempregados, um recorde, de acordo com o IBGE. “Ainda temos milhões de brasileiros que dependem de um emprego. É preciso começar, e o começo veio por essa notícia que estou dando a vocês.”

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45076, 17/03/2017. Economia , p. B1