Título: As reações ao efeito Collor
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 16/12/2011, Política, p. 3

PMDB se divide quanto a indicar um senador de outro partido à Presidência do Senado e prefere deixar a discussão para o próximo ano

A possibilidade de o senador Fernando Collor (PTB-AL) ser o curinga na sucessão da Presidência do Senado provocou reações variadas entre os peemedebistas. O líder do partido na Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que não há chance de o partido apoiar nome de fora da legenda. Renan também disse que não concorrerá ao comando da Casa e negou que uma reunião tenha sido feita para discutir o nome de Collor como opção para resolver disputas internas da sigla. "Nunca houve a citada reunião na casa do deputado Renan Filho. O tema é completamente extemporâneo e eu não cogito ser candidato. O PMDB jamais abrirá mão de presidir o Senado, direito conquistado nas urnas. Eu, como líder do partido, mais do que qualquer outro senador, apoiarei o nome que for indicado pelo partido e não há hipótese de apoiar candidatos de outras legendas", traz a nota assinada por Renan.

Enquanto Renan marca posição na defesa do PMDB como único partido capaz de preencher o comando da Casa em 2013, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), preferiu o caminho do bom humor para comentar o xadrez político de sua sucessão. "É tão cedo a gente falar de sucessão. Será que estão fazendo mau-olhado em cima de mim?", brincou Sarney. O nome de Collor para a presidência da Casa apareceu na lista dos pré-candidatos devido ao impasse gerado na escolha do representante do PMDB na sucessão de Sarney. Enquanto as alas do partido não se decidem sobre o indicado, o ex-presidente da República poderia ser uma solução de consenso. De acordo com informações de peemedebistas ouvidos pelo Correio, a candidatura de Collor contaria com o apoio do Planalto, que teme a saída de Sarney, projetando possível instabilidade na relação com o PMDB.

Governo acompanha O senador Vital do Rego (PMDB-PB) afirma que o partido não precisa buscar parlamentar das fileiras do PTB para resolver o problema. Ontem, enquanto presidia a Comissão de Orçamento, o senador revelou seu desejo. "Eu sonho um dia presidir o Senado, mas enquanto não presido, não tenho esse poder", afirmou o parlamentar, questionado sobre a abertura da sessão do Congresso para votar a Lei Orçamentária de 2012 e o Plano Plurianual na próxima semana.

De acordo com Vital, a boa relação com Sarney e com o vice-presidente da República, Michel Temer, conta pontos. "O meu nome é um nome que o PMDB pode se unir em torno. Mas ainda há muito tempo pela frente. Há uma relação muito boa com o Palácio. Eu tenho uma relação muito forte com a cúpula, com Michel (Temer). Eu não estou em campanha para isso, ainda não é hora. Agora estou trabalhando para fortalecer o partido. Talvez eu seja muito ligado a ele (Sarney), quem o trata mais informalmente sou eu, até mesmo pelo estilo", afirma Vital.

O jogo aberto da sucessão da Presidência do Senado criou extensa lista de candidatos ao posto. Além de Vital e Renan, o senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE) também figura como postulante ao cargo. Senadores licenciados que estão na Esplanada, Edison Lobão (Minas e Energia) e Garibaldi Alves (Previdência) também estão no páreo. O PMDB se apressa para resolver internamente a questão da sucessão da presidência da Casa para evitar intromissões do Palácio do Planalto.

O governo teria escalado interlocutores para acompanhar de perto as negociações pela indicação do senador que substituirá Sarney.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 16/12/2011