Título: Participação estrangeira
Autor: Ribas, Silvio
Fonte: Correio Braziliense, 16/12/2011, Economia, p. 14

As futuras concessionárias dos terminais de Brasília, Guarulhos (SP) e Campinas (SP) terão, necessariamente, de contar com a participação de um sócio estrangeiro com conhecimento prévio em gestão de aeroportos. A exigência, incluída no edital de concessão publicado ontem, veio na forma de critérios para habilitação técnica dos candidatos. O texto exige do futuro operador uma experiência mínima de cinco anos no setor, com operações de pelo menos cinco milhões de passageiros anuais.

No Brasil, apenas a Companhia Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) se encaixa no perfil. Como a estatal terá garantida sua fatia de 49% do capital de cada uma das três concessionárias, as condições obrigam, na prática, a inclusão do investidor internacional, com participação mínima de 10%. "As visitas que recebemos de interessados do exterior, além dos nossos próprios mapeamentos, indicam mais de 10 potenciais candidatos", disse Marcelo Guaranys, diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e um dos coordenadores da privatização.

Rogério Coimbra, secretário de Política Regulatória da Secretaria de Aviação Civil (SAC), acrescentou que a concorrência nos três leilões está assegurada caso se considere um universo ainda maior de operadores privados no mundo, que passa de 100. "A fórmula para a escolha do vencedor também servirá de estímulo, considerando que todos poderão disputar todas as concessões. Mas só poderão vencer em uma, naquela que oferecer a maior diferença sobre o segundo colocado", explicou.

Apetite Segundo Gustavo do Vale, presidente da Infraero, os potenciais investidores estrangeiros já mostraram apetite em reuniões na estatal. Entre os mais recentes, estiveram grandes operadores de aeroportos de Índia, Alemanha e Suíça. "As consultas mostram preocupação com detalhes, o que sinaliza forte interesse", disse. Ele lembrou que o processo brasileiro de concessão é o maior do mundo na atualidade, sobretudo depois da decisão do governo espanhol de rever o edital do Aeroporto de Madrid.

O futuro gestor do Aeroporto de Brasília terá entre suas obrigações a construção de um novo terminal com capacidade para acrescentar mais dois milhões de passageiros por ano à operação atual de 14 milhões. Para isso, contará com uma receita bruta estimada ao longo de 25 anos, em valores de hoje, em R$ 5,33 bilhões. Os investimentos totais no período serão de pouco mais da metade disso: R$ 2,84 bilhões. (SR)