Os processos e as investigações

07/05/2017

 

 

Ex-presidente é citado por diferentes delatores, em acusações que embasam ações penais e inquéritos

SÍTIO

O imóvel que segundo o Ministério Público Federal pertence a Lula

 

TRÍPLEX

O apartamento no Guarujá que a acusação diz pertencer ao ex-presidente

 

IL

Doações para o Instituto Lula estão na mira da Lava-Jato

 

PARENTES

Empreiteiros dizem que ajudaram familiares, como o sobrinho Taiguara

 

AÇÕES NA JUSTIÇA

É réu na Justiça Federal do Paraná por suposto recebimento de vantagem de R$ 2,4 milhões da OAS. MPF sustenta que o tríplex no Edifício Solaris, no Guarujá, é de Lula.

 

INSTITUTO LULA

Em outra ação, é acusado de receber R$ 12 milhões da Odebrecht por meio da compra da nova sede do Instituto Lula, imóvel que não foi usado.

 

OBSTRUÇÃO DE JUSTIÇA

Acusado de ter pressionado Delcídio Amaral para comprar o silêncio de Nestor Cerveró. A acusação sustenta que o filho de Bumlai deu dinheiro à família de Cerveró.

 

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA

Processo envolve apoio para liberar empréstimos do BNDES. A ação também trata da contratação de seu sobrinho Taiguara Rodrigues pela Odebrecht em Angola.

 

OPERAÇÃO ZELOTES

O MPF sustenta que Luís Cláudio, filho de Lula, recebeu R$ 2,5 milhões para Lula influenciar decisões do governo Dilma, como a prorrogação de incentivos fiscais.

 

INVESTIGAÇÕES EM ANDAMENTO

 

Organização Criminosa

Inquérito apura suposta atuação direta em cobrança de propina em contratos de várias áreas do governo.

 

Sítio de Atibaia

Investiga se o sítio Santa Bárbara, em Atibaia, pertence ao ex-presidente Lula. A OAS e a Odebrecht

fizeram reformas.

 

Sete Brasil

Apura se o ex-presidente cobrou propina para o fornecimento de sondas para exploração do pré-sal.

 

Leniência

Teria negociado com Emílio a edição de MP que permitia ao Executivo firmar acordo de leniência sem a participação do MP.

 

Petroquímica

Investiga supostas irregularidades cometidas para beneficiar a Odebrecht e a Braskem, braço da empreiteira.

BNDES

Apura influência de Lula na liberação de créditos do BNDES para Angola que beneficiariam a Odebrecht.

 

Palestras

Apura se as palestras contratadas pela Odebrecht serviriam para remunerar Lula por favores anteriores.

 

Mesada

Possível irregularidade na mesada dada pela Odebrecht a José Ferreira da Silva, irmão de Lula.

Touchdown

Investiga pagamentos da Odebrecht a Luís Cláudio Lula da Silva em projeto de liga de futebol americano.

 

O QUE DIZ A DEFESA

 

Proximidade com a Odebrecht

Inexiste elemento concreto que revele a existência de um “caixa geral de propinas” ou ciência ou benefício pessoal de Lula.

 

Conta “amigo”

Em nota, o Instituto disse que o ex-presidente não tem relação com qualquer planilha na qual outros possam se referir a ele como “amigo”.

 

Tríplex

Cotas adquiridas deram a dona Marisa a opção de compra no Edifício Solaris. Em 2015, ela manifestou não ter interesse na compra.

 

Sítio de Atibaia

Desde 2011, o ex-presidente Lula frequenta sítio de amigos da família. É uma tentativa de associar o ex-presidente a supostos ilícitos.

 

Prédio do Instituto Lula

O imóvel foi oferecido, mas não houve interesse. O instituto funciona no mesmo local comprado em 1990.

 

Destruição de provas

A versão fabricada por Pinheiro criou um diálogo - não presenciado por ninguém - no qual Lula teria dado a fantasiosa e absurda orientação.

 

BNDES/Angola

Lula jamais interferiu em financiamentos. É notório que as decisões do banco são colegiadas e baseadas no trabalho técnico.

Zelotes

Nem Lula nem seu filho participaram ou tiveram conhecimento de qualquer ato relacionado aos temas citados, como benefícios fiscais.

 

Ajuda a Luis Cláudio

São relatos unilaterais para obter benefícios. São indícios de provas. Mesmo que o relato seja verdadeiro, os fatos teriam ocorrido depois do mandato

 

EMÍLIO ODEBRECHT EMPRESÁRIO

Disse que conheceu Lula no fim da década de 1980, quando precisou de um negociador para uma greve de petroquímicos na Bahia. Afirmou que Lula pedia contribuições de campanha de forma genérica e que os valores eram acertados pelo ex-ministro Antonio Palocci. Estima ter dado ao PT, via caixa 2, R$ 20 milhões, por campanha. Disse ainda ter recebido pedido de ajuda para reformar o sítio de Atibaia, que seria uma surpresa de dona Marisa. O empresário afirmou ainda que Lula pediu, em 2011, que a Odebrecht contratasse serviços de Taiguara, sobrinho do ex-presidente ,em Angola. E que fez a obra do Porto de Mariel, em Cuba, a pedido de Lula, que teria facilitado financiamento pelo BNDES.

 

MARCELO ODEBRECHT EMPRESÁRIO

Disse que no fim do governo Lula, a conta Italiano, mantida com o PT, tinha uma reserva de R$ 35 milhões para as demandas futuras de Lula. A subconta recebeu o nome de “Amigo”. Disse que o assessor de Palocci, Branislav Kontic, buscava valores em espécie que, por determinação do próprio Palocci, saíam da subconta “Amigo”. No total foram R$ 13 milhões, incluindo R$ 4 milhões doados ao Instituto Lula. O empresário diz que Lula sabia da conta com o PT. Afirmou ainda ter recebido de José Carlos Bumlai e Roberto Teixeira, advogado de Lula, pedido para que comprasse um imóvel para ser a futura sede do Instituto Lula, terreno que acabou não sendo usado.

 

RENATO DUQUE EX-DIRETOR DA PETROBRAS

Disse que Lula detinha o comando no esquema da Petrobras. Afirmou que foi chamado, em 2014, para um encontro onde o ex-presidente lhe perguntou se tinha conta na Suíça e se tinha recebido dinheiro da SBM. Duque afirma ter ouvido a seguinte frase: “Presta atenção no que vou te dizer. Se tiver alguma coisa, não pode ter. Não pode ter nada no teu nome, entendeu?”

 

ALBERTO YOUSSEF DOLEIRO

Em outubro de 2014, afirmou que o Palácio do Planalto sabia do esquema na Petrobras, porque quando havia disputa por cargos na estatal as discussões eram levadas para o Planalto, de onde saíam as soluções.

 

LÉO PINHEIRO EMPRESÁRIO

Afirmou que a OAS tinha uma "conta" para repassar dinheiro ao PT. Sobre o triplex no Guarujá, disse que o apartamento não poderia ser vendido porque era do presidente Lula. Léo Pinheiro sustentou ainda que Lula lhe disse para destruir provas de pagamentos ao PT, já com a Lava-Jato em curso.

 

ALEXANDRINO ALENCAR EX-EXECUTIVO DA ODEBRECHT

Disse que participou, em 2001, de reunião com Emílio, Lula e Palocci, em São Paulo, na qual ficou condicionado o apoio financeiro à campanha de 2002 ao compromisso de privatização do setor petroquímico. Afirmou que recebeu de Emílio a incumbência de atuar como coaching de um dos filhos de Lula, Luís Cláudio, na criação de uma liga de futebol americano, a Touchdown. Diz que a Odebrecht teria pago R$ 1,89 milhão. Disse que a obra no sítio de Atibaia foi regularizada em nome de Fernando Bittar, amigo de Lula, por meio de um contrato fictício. Afirmou que, de 2011 a 2014, negociou doações ao Instituto Lula de R$ 4,6 milhões como contrapartida pela influência política. Afirmou também que Lula indicou o irmão, o Frei Chico, na década de 1990 para ajudar a empresa a negociar paralisações de funcionários. Em 2002, quando Lula assumiu a presidência, passou a pagar “mesada” para o irmão do ex-presidente. Diz que Lula sabia dos pagamentos.

 

FERNANDO SOARES LOBISTA (FERNANDO BAIANO)

Disse ter pago “cerca de R$ 2 milhões” ao pecuarista José Carlos Bumlai como “adiantamento”” de uma ajuda para inserir a OSX, de Eike Batista, no rol de fornecedoras de sondas para a Sete Brasil. Em relação ao empréstimo de R$ 12 milhões tomado por Bumlai junto ao grupo Schahin, a interesse do PT, afirmou que ouviu do pecuarista que “barba” resolveria a quitação do empréstimo. Segundo o MPF, o empréstimo foi quitado com a contratação, pela Petrobras, da Schahin Engenharia na construção da sonda Vitória 10.000.

O globo, n.30589 , 07/05/2017. PAÍS, p. 6