Empreiteiras temem pelos acordos de leniência

Eduardo Bresciani 

30/05/2017

 

 

Interpretação de mudança na CGU é de falta de interesse nos acordos

-BRASÍLIA- Representantes de empreiteiras que negociam acordos de leniência com o Ministério da Transparência, a antiga CGU, ficaram descontentes com a decisão do governo de promover uma troca entre Torquato Jardim e Osmar Serraglio, que estava na Justiça. Apesar de o deputado peemedebista ainda não ter respondido se aceita ocupar o cargo, a avaliação é que, com a mudança, o governo sinalizou que não está interessado em avançar nos acordos, cujas negociações já se arrastam há mais de dois anos.

— A CGU virou o Ministério da Pesca para esse governo, coloca lá qualquer um, não tem importância — reclama um advogado.

As negociações de leniência no âmbito da CGU ocorrem desde 2015 e, até agora, nenhum acordo foi fechado. O órgão tem a prerrogativa de aplicar a pena de inidoneidade, que é a proibição de contratar com o serviço público. Mesmo assim, as empresas preferiram priorizar acordos com o Ministério Público Federal (MPF), que inclui no pacote benefícios para os executivos em processos penais.

Ao longo dos últimos meses, as empreiteiras que estão colaborando com a Justiça têm reclamado pelo fato de a CGU e o TCU não encamparem o acordo já firmado. Pessoas que acompanham os trabalhos pelo lado das empresas acreditam que, com a saída de Torquato Jardim, tudo deverá recomeçar do zero, atrasando ainda mais o processo.

 

O globo, n. 30612, 30/05/2017. País, p. 4