O Estado de São Paulo, n. 45064, 05/03/2017.  Política, p. A5

Estatal diz que não fez negócios com Assad

Dersa afirma que firmou contratos apenas com consórcios; ex-diretor não comenta

Por: Fabio Serapião / Beatriz Bulla / Fausto Macedo

 

O criminalista Miguel Pereira Neto, que defende Adir Assad, disse que “não é de conhecimento da defesa técnica a existência da colaboração premiada” e negou que tenha sido firmado qualquer acordo de colaboração. O senador José Serra (PSDB-SP) disse que não comentaria o caso.

Paulo Vieira Souza, ex-diretor da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), não havia respondido aos questionamentos enviados pelo Estado até a conclusão desta edição.

Por meio de nota, a Dersa afirmou que, “em todos os empreendimentos mencionados pela reportagem, firmou contratos de obras apenas com os consórcios executores que venceram as respectivas licitações” e não com as empresas de Assad.

Ainda segundo a estatal, em 2011, foi criado um departamento de Auditoria Interna e implantado um Código de Conduta Ética, “aprimorando a análise e a fiscalização dos contratos dos empreendimentos de modo permanente e organizado”.

Conforme a estatal, depois de tomar conhecimento de denúncias envolvendo os empreendimentos Rodoanel Sul, Nova Marginal do Tietê e Complexo Viário Jacu-Pêssego, em 2016, a Dersa “instalou e conduz procedimento apuratório para averiguar possíveis irregularidades.” “A Companhia não compactua com irregularidades e se mantém pronta para colaborar com as autoridades no avanço das investigações”, concluiu a nota da estatal paulista.

Consórcios. Por meio de sua assessoria, a Andrade Gutierrez, em nome do consórcio SVM, disse que não iria se manifestar sobre o tema. A Andrade já assinou um acordo de delação e agora negocia um recall para abordar outras pagamentos irregulares em obras ainda não citadas em sua colaboração.

Questionada em nome do Consórcio Rodoanel Sul 5 Engenharia, a OAS não respondeu aos contatos da reportagem. A defesa da Delta Engenharia não foi encontrada para comentar os pagamentos para as empresas de Assad. Como revelou o Estado, Fernando Cavendish, proprietário da Delta, também negocia um acordo de colaboração com a Lava Jato no Rio de Janeiro, no qual promete entregar detalhes sobre irregularidades em obras conquistadas pela empresa, entre elas, a Nova Marginal Tietê citada na reportagem. / FABIO SERAPIÃO, BEATRIZ BULLA e FAUSTO MACEDO

 

Viário. Nova Marginal do Tietê; quebra de sigilo mostrou que consórcio responsável pela obra fez repasse a empresas de Assad

 

Conhecimento

“Não é de conhecimento da defesa a existência da colaboração premiada.”

Miguel Pereira Neto

ADVOGADO DE ADIR ASSAD

 

“Nos empreendimentos mencionados pela reportagem firmou contratos de obras apenas com os consórcios executores que venceram as respectivas licitações.”

Dersa

EMPRESA ESTATAL PAULISTA