Cifrado - Do diálogo ao depoimento, o labirinto de Joesley

Marco Grillo

20/05/2017

 

 

Procuradores montam quebra-cabeça da gravação feita com Michel Temer

Durante o depoimento do empresário Joesley Batista, dono da J&F, os procuradores buscaram tirar as dúvidas deixadas pela gravação da conversa entre ele e o presidente Michel Temer. Os assuntos tratados eram de conhecimento de ambos e, portanto, havia pontos cifrados a serem esclarecidos para o andamento da investigação.

Na versão de Joesley, o presidente sabia e deu aval para os pagamentos ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB), com o objetivo de deixá-lo em silêncio. O empresário pagou, de uma vez, R$ 5 milhões a Cunha, além de uma mesada de R$ 400 mil para o doleiro Lúcio Funaro, operador do ex-deputado — ambos estão presos. Com o depoimento, a Procuradoria-Geral da República montou o quebra-cabeça da conversa que aconteceu no dia 7 de março, às 22h40m, no Palácio do Jaburu, residência de Temer. O empresário afirmou que dois principais motivos o levaram a pedir o encontro: perguntar quem seria seu novo interlocutor no governo, após a saída de Geddel Vieira Lima, e saber se o presidente ainda julgava necessário o pagamento de propina a Cunha e a Funaro.

 

O globo, n. 30602, 20/05/2017. País, p. 5