Título: Pequena notável
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 08/01/2012, Economia, p. 10/11

Com área menor que a do estado do Rio de Janeiro e população um pouco maior que a da Grande São Paulo (23 milhões de pessoas), a pequena ilha ao sul da China, apelidada de Formosa pelos navegadores portugueses, em 1590, abriga as principais empresas de tecnologia do mundo. Taiwan é hoje o 15° país com maior capacidade de inovação, conforme o mais recente ranking do World Economic Forum (WEF) feito com os executivos das maiores empresas do globo. O Brasil está em 31° lugar entre as 142 nações elencadas pelo WEF. O líder é o Japão.

A capital de Taiwan é cheia de particularidades. A população alfabetizada, praticamente em sua totalidade, é crítica. Costuma reclamar dos impostos e de como eles são utilizados. Um ano depois de completar o centenário da proclamação da República, Taiwan tem uma política que poderia inspirar os governantes brasileiros. Lá, o ministro da Cultura, Emile Sheng, renunciou rapidamente após denúncias de superfaturamento no contrato de US$ 7,2 milhões de um musical realizado em outubro. Motivo: não aguentou a pressão da opinião pública.

Mas o atual governo do DPP (Democratic Progressive Party) tenta se manter no poder nas eleições de 14 janeiro deste ano, pois tem se aproximado mais da China, contra a vontade dos mais tradicionalistas. Enquanto isso, a disputa está acirrada com os conservadores do partido Kuomintang, de Chiang Kai-shek, que viraram oposição desde 2000, e defendem independência da ilha do continente. Ninguém faz apostas sobre quem poderá ganhar.

Canteiro de obras Taipei é uma cidade em plena construção e tem uma infraestrutura de dar inveja às capitais brasileiras. Por tantas qualidades, a cidade ganhou de Brasília a disputa para sediar as Olimpíadas Universitárias de 2017. Tem templos budistas com mais de trezentos anos, como o Leh Chergn, um dos mais antigos da capital taiwanesa, e arranha-céus como a Taipei 101, hoje o segundo prédio mais alto do mundo. Várias obras estão em andamento na cidade. Elas empregam um exército de 500 mil estrangeiros, sobretudo trabalhadores da Ásia e da Oceania, que ganham cerca de US$ 600 por mês.

O Aeroporto Internacional de Taoyuan, em Taipei, é outro exemplo do progresso. Recebeu 20,7 milhões de passageiros até outubro deste ano e, antes mesmo de atingir seu limite, foi submetido a uma ampliação. Com dois terminais, está recebendo US$ 57,4 milhões de investimentos para poder receber mais três milhões de pessoas por ano.

Sem barracas de camelôs às margens das largas avenidas, as calçadas viraram estacionamento de uma frota de mais de 12 milhões de motocicletas em todo o país. Com custo próximo a US$ 1 mil, as scooters viraram uma opção barata e prática de um sistema transporte já bastante eficiente.

A jornalista viajou a convite do governo de Taiwan