Eduardo Bresciani
Júnia Gama
Gustavo Schmitt
18/05/2017
O senador Aécio Neves (PSDBMG) afirmou que sua relação com Joesley Batista era “estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público”. Ele disse estar “tranquilo quanto à correção dos seus atos”.
O senador foi avisado por um assessor que levou a ele um celular com o texto da reportagem do site do GLOBO. Aécio leu a notícia por alguns minutos. Após concluir a leitura, o senador fez um comentário com o assessor, pegou o seu celular e fez uma ligação. Segundos depois, saiu pela porta dos fundos, que dá acesso ao cafezinho dos senadores.
Quase três horas depois, a assessoria divulgou uma nota com o seu posicionamento: “O senador Aécio Neves está absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos. No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários”.
A reportagem do GLOBO procurou assessores do senador pedindo uma resposta também de sua irmã, Andréa Neves, e de seu primo Frederico, citados por Joesley como envolvidos no episódio. Não houve retorno.
O deputado Rocha Loures (PMDB) informou que estava em Nova York e se posicionaria por meio de nota. O pronunciamento não chegou até o encerramento desta edição.
O senador Zeze Perrella (PTB-MG) falou por meio de sua assessoria. Disse que nunca teve contato com qualquer pessoa do grupo JBS. Reconheceu que seu assessor Mendelson Souza Lima é amigo de Frederico, primo de Aécio. Disse que coloca à disposição da Justiça os sigilos bancários das empresas de seu filho citadas na delação.
— Reafirmo que nunca obtive qualquer importância dessa empresa. Seja oficial ou extraoficial. E me coloco à disposição para qualquer outro esclarecimento — afirmou Perrella.
O advogado Rodrigo Sanchez, responsável pela defesa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha disse que vai procurar o ex-deputado hoje para que possa se manifestar sobre o caso.
Cesar Roberto Bittencourt, criminalista que defende o doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador de Cunha, informou desconhecer os fatos apresentados na investigação sobre mesada aos dois para ficarem calados na cadeia.
— A defesa não tem conhecimento — disse Cesar Roberto Bittencourt.
Funaro está preso no complexo penitenciário da Papuda, em Brasília; e Cunha, em Curitiba.
A defesa do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que não irá se manifestar sobre o caso. Os advogados do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci não foram localizados pela reportagem.
O globo, n.30600 , 18/05/2017. [PAÍS], p. 8