Mariana Sanches
Sérgio Roxo
18/05/2017
O marqueteiro João Santana reagiu às declarações do ex-ministro José Eduardo Cardozo ao GLOBO e quebrou o silêncio que mantinha desde a sua prisão na Lava-Jato, em fevereiro do ano passado. Em nota divulgada ontem, Santana disse que o petista declarou de “forma cínica” que não houve caixa 2 nas campanhas de 2010 e 2014. “Pra cima de mim, José Eduardo?”, questionou o marqueteiro.
Santana relata que, diante da entrevista de Cardozo, decidiu contrariar “seu próprio compromisso de restringir ao âmbito da Justiça declarações sobre sua delação premiada”. O marqueteiro ainda classificou a entrevista de Cardozo de “grotesca e absurda” e disse que “não há nenhuma contradição naquilo” que ele e sua mulher, Mônica Moura, afirmaram nos depoimentos.
APENAS DOIS INDÍCIOS
O marqueteiro sustenta que soube, pela ex-presidente Dilma Rouseff, em fevereiro do ano passado, que “a prisão seria iminente” e reafirmou a versão de que se comunicava por e-mail, com senha compartilhada, com a petista. Na entrevista ao GLOBO, Cardozo negou ter repassado informações da Operação Lava-Jato à ex-presidente.
“Apenas para ficar em dois indícios não devidamente noticiados: se não estivéssemos sendo informados da iminência da prisão, porque chamaríamos, na sexta, 19 de fevereiro, o nosso então advogado, Fabio Tofic, para que viesse às pressas a S. Domingo?”, disse o marqueteiro. “Por que cancelaríamos nosso retorno ao Brasil, dias antes, com passagem comprada e com reserva já confirmada?”, questiona Santana.
O marqueteiro também refuta as declarações de Cardozo, que disse ser “inverossímil” as informações de que Dilma recebeu caixa 2 fora do Brasil.
— João Santana recebeu R$ 70 milhões declarados por uma campanha eleitoral. É muito dinheiro para ter esse caixa 2 — havia afirmado o ex-ministro.
O globo, n.30600 , 18/05/2017. PAÍS, p. 8