Idade mínima de 65 anos para mulher não é alterada

Idiana Tomazelli e Carla Araújo

17/04/2017

 

 

Após reunião com Michel Temer e ministros, relator da reforma da Previdência afirmou que essa questão é ‘o ponto mais alto da PEC’

 

 

 

O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), afirmou ontem que a idade mínima de 65 anos para homens e mulheres “continua sendo o ponto mais alto da PEC”. “Nós pretendemos que assim permaneça, como está na PEC”, disse Oliveira Maia após reunir-se com o presidente Michel Temer e ministros no Palácio do Alvorada para apresentar pontos já modificados em seu relatório.

O presidente da comissão especial da reforma na Câmara, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), também disse ser muito difícil alterar esse ponto.

“Não vejo essa possibilidade, mulher luta por uma igualdade”, afirmou. Apesar disso, interlocutores do Palácio do Planalto reconhecem que, se houver necessidade de flexibilizar a idade mínima das mulheres para vencer resistências (principalmente da bancada feminina), essa cartada será lançada diretamente no plenário.

O relator evitou dar pistas sobre as modificações na proposta, que serão anunciadas formalmente amanhã durante a leitura do parecer na comissão especial da reforma da Previdência na Câmara.

O governo já havia concordado com mudanças em cinco pontos: regra de transição, aposentadoria rural, Benefício de Prestação Continuada, pensões e aposentadorias especiais para professores e policiais.

Segundo o relator e o presidente da comissão especial na Câmara, Carlos Marun (PMDB-MS), a reunião tratou exclusivamente sobre a reforma e não houve conversas sobre as delações da Odebrecht.

Oliveira Maia – que inclusive é um dos apontados na lista de alvos de inquérito após as delações – disse ainda que a divulgação dos conteúdos não vai prejudicar o andamento dos trabalhos.

“Uma coisa não tem nada a ver com a outra”, disse.

Marun ressaltou que o calendário de tramitação da reforma está “sacramentado”. A previsão é votar o relatório na comissão até o dia 28 de abril e votar a proposta no plenário da Câmara na primeira ou segunda semana de maio. Segundo ele, a reforma terá “margem larga” de votos no plenário; e arriscou um placar superior a 350 votos favoráveis à medida – são necessários pelo menos 308.

 

Lava Jato. Apesar de os presentes terem negado de que as delações dos executivos da Odebrecht foram discutidas, uma fonte relatou que, antes da chegada do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que chegou uma hora atrasado, Temer e políticos ficaram em uma sala reservada no Alvorada, sem a presença dos técnicos do governo.

Um participante do encontro, no entanto, reconheceu que a reunião, além de azeitar o discurso e continuar os debates sobre as reformas, tinha o objetivo “de mostrar que o governo está trabalhando” e reforçar o que já foi explicitado por Temer assim que as delações saíram.

“Que o governo não pode parar”, disse a fonte. Também foi reforçado o pedido de votar a urgência da reforma trabalhista na Câmara nesta semana.

Sobre Previdência, os relatos são de que o presidente não fez discurso e praticamente não fez interferências, dedicando-se mais a ouvir as considerações dos deputados, assim como Meirelles.

 

Estratégia

Após o café da manhã com deputados amanhã, ficou acertado que Temer deve se reunir com líderes do Senado para traçar também as estratégias do andamento na Casa. A ideia é evitar que mudanças sejam feitas pelos senadores.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45107, 17/04/2017. Economia, p. B4.